Quais são as sequelas da dengue e quanto tempo duram? Entenda

Cabe destacar que, até o momento, o Ministério da Saúde registra mais de 4,7 milhões de casos prováveis da infecção.

Adengue tem como manifestações mais comuns febre alta, manchas na pele e dores no corpo, que costumam durar de cinco a sete dias. Mas, mesmo depois da cura, a pessoa acometida pela doença pode apresentar sintomas persistentes. Cabe destacar que, até o momento, o Ministério da Saúde registra mais de 4,7 milhões de casos prováveis da infecção.

De acordo com Melissa Falcão, infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o quadro clássico da dengue costuma melhorar sem deixar sequelas permanentes. Em uma situação comum, no máximo a fadiga e a dor de cabeça podem incomodar por mais tempo, desaparecendo após alguns dias ou semanas.

Mas a verdade é que o vírus da dengue penetra na corrente sanguínea e pode se multiplicar em diversos órgãos. Melissa explica que é a partir desse processo que as complicações podem aparecer. Confira, abaixo, as principais.

Repercussões no sistema nervoso

A dengue pode atingir o sistema nervoso, tanto em adultos como em crianças. Segundo o Ministério da Saúde, as manifestações desse problema incluem convulsões, delírio, sonolência, irritabilidade, amnésia e paralisias. Uma das complicações mais graves é a encefalite. A condição é uma inflamação que ocorre no cérebro quando um vírus (em alguns casos, bactérias) consegue atacá-lo diretamente.

Segundo Melissa, a encefalite pode gerar sequelas como dificuldades motora e de fala, além de síndrome de Guillain-Barré, que aumenta o risco de perda dos movimentos. Essa síndrome é desencadeada por infecção bacteriana ou viral aguda e causa sintomas como fraqueza e formigamento nos pés e nas pernas que se espalham pelo corpo. Pode levar à paralisia e causar danos permanentes.

Impactos cardiovasculares

Em sua forma grave, a dengue também pode provocar alterações sérias no coração, que se manifestam, por exemplo, com quadros de insuficiência cardíaca e miocardite – inflamação no músculo cardíaco. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), 48% dos pacientes que evoluem para a forma grave da dengue desenvolvem a miocardite.

A maioria das pessoas com essa inflamação se recupera. No entanto, caso ela se dissemine pelo coração, pode resultar em insuficiência cardíaca crônica e outros problemas sérios.

Problemas renais e hepáticos

A infectologista da SBI também alerta que as complicações da dengue grave podem prejudicar fígado e rins.

Muitos médicos associam quadros de dengue grave à insuficiência renal aguda (IRA). Nessa condição, os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas de forma súbita e rápida. Em casos graves, os pacientes podem desenvolver sintomas ainda mais sérios, como convulsões ou coma, segundo aponta a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).

Com relação ao fígado, segundo o Ministério da Saúde, níveis levemente elevados de enzimas hepáticas – um indicador de possíveis danos ao órgão -, são encontrados em até 50% dos pacientes com dengue. Em quadros graves, pode ocorrer o comprometimento severo das funções do fígado.

Quanto tempo as sequelas duram?

Melissa explica que, entre as pessoas que desenvolvem sequelas relacionadas à dengue, algumas podem ter problemas permanentes, enquanto outras apresentam sintomas que irão melhorar ao longo do tempo.

Em resumo, a duração depende de diversos fatores. Entre eles, o tipo de dengue, quais partes do corpo foram atingidas, a gravidade dessa complicação, a saúde do paciente e a resposta imune individual.

A médica alerta que o risco de se desenvolver um quadro grave de doença, que pode levar às sequelas permanentes, é maior para indivíduos com comorbidades, crianças com menos de 2 anos, idosos (acima de 60 anos), grávidas e mulheres que tiveram filho há pouco tempo. Por isso, esse público deve ter cuidado redobrado na prevenção da doença e, em caso de infecção, ficar de olho nos sinais que podem indicar dengue grave e buscar apoio médico.

Sinais de dengue grave

Para minimizar os riscos de sequelas, o primeiro passo é entender os os sinais de alerta da doença. Melissa explica que alguns deles são:

Vômitos frequentes

Dor forte na barriga

Sangramentos (no nariz ou boca)

Desmaio

Irritação ou sonolência

Aumento de fígado (observado em exames)

A infectologista alerta que é importante evitar a automedicação. “O uso de anti-inflamatórios hormonais, medicações tão comumente usadas na nossa população para dor e febre, aumenta o risco de sangramentos e gravidade”, explica.

Além disso, Melissa destaca que o principal tratamento para a dengue é manter a hidratação, o que diminui a chance de qualquer complicação diretamente relacionada à doença. Por fim, ao primeiro sinal de alerta, é necessário recorrer ao hospital, onde o paciente receberá a hidratação adequada, além de medicamentos específicos prescritos por um profissional.