Não é a única obra do Mundial a ser terminada no Mato Grosso. O sistema de trilhos do VLT não foi entregue, e pode ser transformado em BRT.
Apenas 85% da estrutura do estádio está concluída. Os outros 15% não têm previsão para a retomada dos reparos necessários para que realmente se torne espaço multiuso, como estava previsto.
A Arena Pantanal recebeu os jogos do Mundial e, desde 2018, partidas da Série B. Neste ano passou a abrigar confrontos da Série A com o acesso à elite do Cuiabá.
Nesta segunda (21), Uruguai e Chile se enfrentam pelo grupo B da Copa América.
Porém, o entorno da Arena deixa evidente os problemas existentes, como a falta iluminação da área externa a não conclusão das instalações das caixas d’água e outras adequações estruturais.
Na parte interna, o governo de Mato Grosso trava batalha judicial desde 2015 com a construtora Mendes Júnior, que abandonou a obra do estádio após a Copa do Mundo.
O governo cobra que a construtora arque com os reparos e elimine problemas nas cadeiras e nos telões, além de outros defeitos.
A ação do governo contra a Mendes Júnior se encontra em fase de instrução processual. Em setembro do ano passado, a Justiça determinou a realização de perícia a fim de verificar as responsabilidades.
Mesmo nessas condições o governo de Mato Grosso gasta em média R$ 350 mil por mês na manutenção do estádio. São R$ 4,2 milhões por ano.
Há também problema com a certificação Leed, um atestado do selo ambiental e sustentável do estádio, que custou cerca de R$ 700 milhões.
O pagamento deste valor está entre as obrigações do contrato firmado com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que financiou R$ 400 milhões da obra.
Caso o reconhecimento socioambiental não seja quitado, o Estado fica sujeito ao pagamento de multa de 1% ao ano em relação ao saldo devedor.
Desde julho do ano passado, a Arena Pantanal funciona também como Centro de Triagem da Covid-19, que auxilia os municípios da região no combate à pandemia.
Nesse quase um ano de atendimentos, mais de 180 mil pessoas já realizaram testes para o vírus. Em dias de jogos da Copa América, o Centro de Triagem fecha oito horas antes do apito inicial.
Além do Arena e do VLT, que continuam sem conclusão, Cuiabá também projetou para a Copa de 2014 dois Centros Oficiais de Treinamentos (COTs) que atenderiam as equipes que participassem de eventos esportivos na cidade. Essas obras também não foram terminadas.
As seleções da Copa América utilizam o Centro de Treinamento do Cuiabá e os estádios Dito de Souza, em Várzea Grande, e o Dutrinha, em Cuiabá, para treinos.
Procurada pela reportagem, a construtora Mendes Júnior não se manifestou.