Toque de recolher pode voltar para 20h se situação for crítica na Capital

Promessa é que se números estiverem altos na segunda, restrições serão tomadas, como decretar Lei Seca.

O prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), afirmou que as medidas restritivas para conter a propagação do novo coronavírus serão reavaliadas na segunda-feira (14). 

Ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), a promessa é de que, caso os números da Covid-19 estiverem críticos, as recomendações feitas pelo órgão serão respeitadas, como o toque de recolher às 20h.

Desde segunda-feira (7), a medida foi ampliada na Capital, antes vigorava de 0h às 5h e agora está das 22h às 5h. Entretanto, tanto Ministério Público quanto o governo do Estado têm cobrado a redução desse horário para ajudar na queda da curva de contágio.

Se a prefeitura atender a recomendação do Ministério Publico na íntegra, além do toque de recolher às 20h, o documento também pede: 

  • Poibição da venda de bebidas alcoólicas durante todo o período do toque de recolher (Lei Seca), analisando a possibilidade de vedar, mesmo fora do período do toque de recolher, o consumo de bebidas alcoólicas no local;
  • Proibição de reuniões com número de pessoas que representem aglomeração;
  • Lotação máxima dos estabelecimentos comerciais para porcentual mais restritivo do que o atualmente em vigor;
  • Proibição de festas particulares que representem aglomeração e maior circulação do vírus.

PANDEMIA

Atualmente, Campo Grande tem taxa de reprodução do vírus de 1,3, ou seja, a cada 100 pessoas que se contaminam, outras 130 podem ser infectadas e no dia seguinte outras 169 e assim por diante. 

O recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é que esse valor seja menor que 1 para que haja redução de casos.

No caso da Capital, 50.671 casos foram registrados desde o começo da pandemia. 

A cidade viveu um bom momento entre o fim de setembro e outubro, mas voltou a ter alta de episódios em novembro e agora em dezembro tem alcançado índices do momento mais crítico da circulação da doença, os meses de junho, julho e agosto.

A média móvel de casos dos últimos sete dias é de 521,8 e a ocupação dos leitos clínicos e de unidades de terapia intensiva (UTIs), segundo dados do sistema Mais Saúde, está em mais de 90% para casos de Covid-19. 

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Leitos críticos para outras especialidades também estão na mesma faixa de lotação. Para especialista ouvido pela reportagem, por ter margem pequena de “folga”, essa ocupação já pode ser considerada como colapso. 

Na terça-feira, 137 pessoas esperavam por uma vaga em hospitais da Capital em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

O prefeito, porém, garante que há leitos disponíveis e que novo aumento deverá ocorrer na próxima semana. 

“Continuamos recebendo pacientes do interior e temos disponibilidade de leitos. Estamos aumentando leitos e ninguém deixará de ser atendido. Na próxima semana temos mais 20 vagas”, disse o prefeito.

Segundo Trad, esses leitos serão na Santa Casa de Campo Grande e no Hospital Adventista do Pênfico, que tem contrato com o município para receber pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

MUDANÇAS

O prefeito não descartou as restrições, mas também afirmou que talvez possa haver flexibilizações. “Estamos vendo com equipe técnica se existe ou não necessidade de medidas de flexibilização, ou restrição”.

Para Marcos Trad, ainda é “muito cedo” para dizer se as restrições estabelecidas desde segunda-feira surtiram efeito na redução da doença na cidade. 

“Tem uma parcela da sociedade que corresponde e tem uma pequena outra parcela que não corresponde às medidas. Essas pessoas que não colaboram ajudam a disseminar o vírus”, afirmou Trad.

Nesta semana, mesmo com o toque de recolher em horário menor, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul viveu seu pior momento na pandemia, segundo a diretora, Rosana Leite, com pacientes tendo de ser atendido nos corredores.  

Essa situação não tinha sido registrada nem quando Mato Grosso do Sul viveu o pico da doença, em julho e agosto, conforme a diretora. Desde o início da semana, a unidade tem recebido apenas casos de Covid-19, exceção apenas para tratamento de gravidez de risco e pediátrico.

Até ontem, a média móvel de mortes na Capital também estava alta, em 7,2. No boletim epidemiológico mais recente divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), das 19 mortes no Estado, nove eram de Campo Grande. CORREIO DO ESTADO.