Chuvas devem voltar ao sul em uma semana. Já a umidade esperada pelo centro-Oeste na primavera, pode ser irregular.
Por .CANAL RURAL
Aos poucos começamos a tirar as blusas e os cobertores do guarda-roupa e a nos preparar para temperaturas cada vez mais baixas. De acordo com a meteorologista Desirée Brandt, o frio chegou mais cedo e vai embora mais tarde, mas não precisamos nos assustar. “Não há mais influência do El Niño no comportamento da atmosfera, mas teremos um resfriamento no Oceano Pacífico. Isso significa que nas próximas semanas e nos próximos meses, sobretudo ao longo do segundo semestre, sentiremos como se estivéssemos sob influência de um La Niña. Ou seja, as temperaturas ao longo do outono e do inverno não serão necessariamente rigorosas, já que as massas de ar polar não têm características continentais, mas sim avançam para o oceano. Geadas e quedas bruscas de temperatura não devem ser descartadas, mas acontecerão com menos frequência. O frio não será tão perigoso”, explicou.
Ainda de acordo com Desirée, a expectativa é de que a umidade e as chuvas pelo Brasil fiquem dentro da média. “Nessa época o tempo costuma ser mais seco no centro do país e também no sudeste, no centro-oeste, em parte do Paraná e no interior do nordeste. Já a chuva se concentra nos extremos do país, ou seja, no norte do Brasil, ao longo da costa do nordeste e no sul. Destaco também que em meados de abril a chuva deve retornar ao Rio Grande do Sul, que está sofrendo com a seca. Por outro lado, como no segundo semestre a temperatura vai demorar a voltar a subir, as chuvas esperadas a partir de setembro vão cair de forma muito irregular no centro do Brasil, ou seja, teremos um atraso nas chuvas da primavera”, concluiu.
Cuidados e adaptações nas granjas
Antes mesmo da mudança de estação e da chegada do frio, Ari Marchi, avicultor de Amparo (SP), já deixa seu estoque de lenha e pallets preparado para acender as fornalhas. Na granja dele, as aves não sofrem com as baixas temperaturas. “A gente tem que adaptar o manejo, principalmente no alojamento dos pintinhos. Eu já ligo as fornalhas seis horas antes deles chegarem e se a cama for nova, ou seja, mais fria, pelo menos umas doze horas antes. O ambiente e o piso têm que estar suficientemente quentes, em 32 ou 33 graus, porque os pintinhos chegam com os pézinhos gelados. Se a cama não estiver aquecida, eles vão amontoar. É difícil criar pintinho e frango no frio, porque gasta muito. Estou abastecido com uns 15 mil quilos de pellets e uns 4 caminhões de lenha”, explica.
Conhecer as medidas que devem ser tomadas por conta das mudanças de temperatura é essencial para garantir o bom desempenho das aves. De acordo com o extensionista Guilherme Henrique Silva, na região de Amparo (SP) é comum o produtor enfrentar quedas de até quinze graus de um lote para o outro. “Os produtores têm que entender que se a temperatura for dos 33 graus, por exemplo, para os 20 graus, o manejo vai mudar. Além do pré-aquecimento do galpão, o produtor deve fazer a regulagem dos equipamentos e estar atento à ventilação. É um investimento”, orienta.
O extensionista Lélio Vieira destacou que a estrutura dos galpões deve garantir que a temperatura externa não interfira no manejo das aves. Portanto, ao montar as pinteiras, uma boa vedação é de extrema importância para evitar a entrada de ar externo. Também é imprescindível se certificar de que as cortinas internas não apresentam furos. “Em Amparo (SP), nas madrugadas de inverno, a temperatura mínima pode ser de 2 graus”, alerta. “A temperatura interna ideal é essencial para que as aves se desenvolvam bem e consigam atingir o peso necessário para o abate. Sem um bom aquecimento elas se amontoam, se estressam e geram mais energia, umedecendo a cama e aumentando os riscos de desenvolverem calos de patas. Se houver desuniformidade do lote e aves refugos, a mortalidade será maior. O produtor e a indústria certamente vão arcar com prejuízos”, conclui.