O estudo delimitou o mapa climatológico do estado em três regiões
O avanço das tecnologias para a produção de sementes de soja resultou no aumento da produtividade em Minas Gerais, nas últimas décadas. Aliado a esse melhor nível tecnológico, um estudo sobre riscos agroclimáticos, conhecido como Zoneamento Agroclimático do Estado de Minas Gerais, desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) em parceria com a Embrapa Soja e o Instituto Federal do Triângulo Mineiro (Ifmt), aponta quais são as regiões mais favoráveis, medianamente favoráveis e pouco favoráveis em produtividade para a produção de sementes de elevada qualidade.
O estudo delimitou o mapa climatológico do estado em três regiões. Por meio dele, os produtores de sementes podem alocar com mais segurança os seus campos de produção em regiões com condições climáticas mais propícias para a produção de sementes de alta qualidade.
De acordo com a pesquisadora da Epamig, Gilda Pizzolante, na área mais favorável para produção de sementes de soja de alta qualidade estão as regiões do Alto Paranaíba, parte do Triângulo Mineiro, parte do Noroeste de Minas, Sul de Minas, Centro-Oeste e parte central do estado. “Toda esta área apresenta temperaturas amenas, na média de 23,5ºC, associadas com condições climáticas secas nas fases de maturação e de colheita”, informa ela.
Levantamento da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) demonstra a eficiência do estado para a produção de soja. Segundo os dados, a região Noroeste foi a que mais produziu em 2017, com 1.771,845 toneladas, seguida pelo Triângulo Mineiro, com 1.634,601, e Alto Paranaíba, com 1.063,685.
Os três municípios que mais produziram estão no Noroeste do estado: Unaí produziu 539.400 toneladas em 145.000 hectares, Buritis e Paracatu produziram 361.000 toneladas em 95.000 hectares. Uberaba, no Triângulo Mineiro, ficou em quarto lugar com uma produção de 309.000 toneladas em 86.000 hectares. A área colhida de soja em Minas Gerais, de 2007 a 2017, saltou de 885,0 mil hectares para 1.452,5 mil hectares. A produção pulou de 2.418,00 toneladas para 5.047,7. E a produtividade aumentou de 2.732 quilos por hectare para 3.475.
Cultivares de soja adaptadas às condições edafoclimáticas dessas regiões, que fazem parte da região do Brasil Central, desenvolvidas no Campo Experimental Getúlio Vargas (Cegt) pela parceria Epamig, Embrapa e Fundação Triângulo, são adotadas pelos produtores de soja não só pela produtividade, mas também pela resistência a doenças.
É o caso da cultivar Conquista, lançada em 1998, que se tornou a soja mais plantada em Minas Gerais, Goiás e São Paulo no começo dos anos 2000. Ela também foi cultivada na Bolívia e testada no Chile, em Cuba e na Rússia. Segundo a pesquisadora, com o uso do mapa climatológico e das tecnologias, a Epamig produz sementes de alta qualidade física e fisiológica, que são recomendadas aos produtores dependendo da condição climática e da região, podendo alcançar ganhos de produtividade variando de 5% a 15%.
Outro importante trabalho realizado na Epamig, pelo Laboratório de Análise de Sementes (LAS), é a análise de amostras que chegam de várias regiões de Minas Gerais e de outros estados para recomendação de plantio.
“Quando identificamos que a semente não é recomendada para determinada região, fazemos uma observação orientando o produtor a utilizar uma cultivar específica”, diz a pesquisadora.
Ela explica que a cultivar de soja a ser plantada em Minas deverá seguir as indicações das instituições detentoras para o cultivo e inscritas no Zoneamento Agrícola da Soja. “Ela terá mais eficiência se for desenvolvida no próprio estado e nas condições de onde será feito o plantio. Caso contrário, a planta não terá o mesmo potencial produtivo que expressa”, salienta.
Fonte: Agrolink