De acordo com a Aprosoja Brasil, o aumento nos gastos com inseticidas e fungicidas vem motivando a busca por alternativas mais em conta.
O Brasil é o país que mais usa biológicos, segundo a Aprosoja. Foto: Embrapa/Montagem: Canal Rural
O custo de produção no Brasil, principalmente com fungicidas e inseticidas, está aumentando ano a ano, de acordo com o diretor técnico da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa. Com isso, agricultores de todo o país vêm buscando alternativas, entre elas o controle biológico.
Durante o Fórum Soja Brasil, realizado na 21ª Expodireto Cotrijal nesta quinta-feira, 5, o engenheiro agrônomo Rogério Vian, de Água Boa (MT), contou que reduziu o custo com defensivos em quase 40% ao apostar em produtos biológicos. “O gasto era de 45 a 48 sacas por hectare e caiu para 29 sacas”, comenta. Na área de 400 hectares, ele aplica agrotóxicos e biológicos, e tem registrado índices melhores a cada safra.
Na área totalmente orgânica da propriedade, o custo é de 20 sacas por hectare e a produção chega a 50 sacas por hectare. “E os preços são maiores por ser um mercado diferenciado”, diz.
Segundo Vian, em um momento de dólar alto, que pode complicar na hora de comprar os insumos, ele não tem preocupação. “Não dependo de produtos que vêm do exterior. Uso muitos que são regionais”, afirma.
Rogério Vian, engenheiro agrônomo. Foto: Franco Rodrigues
Mercado de biológicos no Brasil
O agrônomo trabalha com a multiplicação e isolamento de bactérias na propriedade. Ele faz parte do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS) e afirma que o Brasil é o melhor país do mundo para se trabalhar com agricultura biológicos. “E temos vários pesquisadores competentes”, diz.
Fabrício Rosa afirma que o uso de biológicos não é feito apenas por minorias. “Hoje, devemos ter 20 milhões de hectares adotando os biológicos para controle de pragas e doenças. Somos o país que mais usa e esse mercado ainda crescerá muito”, diz.
Vian defende que essa tecnologia tem um efeito muito benéfico nas lavouras. “Alguns resultados são até melhores do que moléculas químicas”, afirma.
O dirigente da Aprosoja menciona os rizóbios, bactérias que, associada à raiz da soja, tira a necessidade de aplicar mais nitrogênio. “Poupa 7 milhões de toneladas de fertilizantes hidrogenados por ano. são US$ 13 bilhões de economia só com isso”, diz.
Mas os biológicos só funcionam se tiver manejo integrado de pragas e monitoramento, diz Vian. Segundo o especialista, o desafio é ter a lavoura na palma da mão. “Plantei algodão por 12 anos e tínhamos que fazer levantamentos quase diários para saber a hora de entrar com os biológicos. Milho e soja tem que ter o mesmo controle”, afirma.