Soja pode chegar a US$ 12,50 a partir de fevereiro com consolidação das perdas no Brasil e definição de plantio nos EUA
Share on whatsapp
Publicado em 17/12/2015 13:34 e atualizado em 17/12/2015 16:38
Fevereiro deve registrar soja acima de US$12 em Chicago.Exportações recordes do grão e safra brasileira comprometida trazem insegurança para abastecimento no Brasil e no mundo
Os futuros da soja na Bolsa de Chicago podem alcançar os US$ 12 por bushel a partir de fevereiro. A avaliação é do consultor de mercado Liones Severo, do SIM Consult, que considera uma forte demanda pela soja em grão e uma quebra na safra 2015/16 do Brasil que pode chegar a 6 milhões de toneladas por conta das adversidades climáticas. Afinal, essas perdas poderiam comprometer a disponibilidade do grão no mercado mundial.
E esse cenário poderia se confirmar mesmo com a grande oferta de mais 108 milhões nos Estados Unidos, expectativas iniciais de 100 milhões na safra brasileira e a Argentina com um total de 66 milhões de toneladas nesta temporada
“A maioria dos mercados consumidores não têm estoque, tudo que é importado é processado, então o que vai acontecer é uma transferência da demanda para os EUA até o Brasil equilibrar a capacidade dos embarques”, explica Severo, ressaltando que não há espaços para perdas, pois a América do Sul contribuiu com 55% da oferta global e os Estados Unidos com 33%.
De acordo com o último levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o Mato Grosso – maior estado produtor do país – pode ter a menor produtividade desde a temporada 2012/13 chegando a apenas 50,8 sacas por hectare, resultando em uma produção com 1 milhão de toneladas a menos decorrente da falta de chuvas.
“Agora, computando os números, nós vamos chegar a uma realidade de que o Brasil já perdeu 6 milhões de toneladas – isso traz a produção para 95 milhões de t – o que não será suficiente para atender a demanda mundial, mesmo porque os Estados Unidos devem reduzir a área de soja para o próximo ano, acrescentando áreas de milho e, a previsão inicial deles é produzir 103 milhões de toneladas”, ressalta o consultor.
E mesmo com rumores de que as vendas norte-americanas estão mais baixas em relação ao mesmo período do ano passado e poderiam inundar o mercado nos próximos meses, o consultor lembra que historicamente os embarques dos EUA estão dentro da média, não sendo um problema corrente de pressão nos preços.
“Há uma concentração da demanda no Brasil, porque os exportadores preferem a safra brasileira e enquanto não acabarem as vendas brasileiras, eles (EUA) vão continuar um pouco atrasados. Mas os embarques deles não estão tão atrasados assim e até março irá avançar a demanda pelo mercado norte-americano”, acrescenta.
Além disso, a demanda pela soja em grão cresceu aproximadamente 10% neste ano. Somente para a China, os embarques da oleaginosa do Brasil estão 10 milhões de toneladas acima do registrado na safra passada, nessa mesma época.
Os Estados Unidos, por exemplo, embarcaram para a nação asiática pouco mais de 230 mil de toneladas entre os dias 10 a 17 de dezembro. “Dentro do calendário norte-americano, a China importou 78,3 milhões de toneladas, e pretendem fechar o calendário do ano com 82 milhões de toneladas de soja em grão”, lembra Severo.
Além do mais, os estoques de passagem 2014/15 dos EUA são de apenas 5 milhões de toneladas e o Brasil já comercializou boa parte de sua produção antecipadamente, ficando com baixo volume excedente para vendas no próximo ano.
Diante desse cenário, Severo considera que apesar de Chicago ter operado no intervalo de US$ 8,50 a US$ 9,50 por bushel neste ano, os fundamentos deverão ganhar força nos próximos meses potencializando altas no mercado da soja.
“Os fundamentos vão se promover mais fortemente a partir de fevereiro quando já houver um movimento maior de compra da oferta norte-americana”, explica Liones ressaltando que a CBOT trabalhou até agora se atendo mais às informações e às movimentações dos mercados financeiros de todo o mundo.
O consultor lembrou ainda que o mercado foi bastante ofertado neste ano porque muitos países realizaram suas vendas baseados em suas moedas locais favorecidas pela relação com o dólar, independendo das cotações em Chicago. Assim, no Brasil, os valores chegaram a atingir e superar níveis de R$ 80,00/sc nos portos.
Por: Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas