Soja: Mercado fecha semana em Chicago com novo patamar de preços e ganhos de mais de 4%

O mercado internacional da soja fechou a semana nesta quinta-feira (2) e acumulando boas altas na Bolsa de Chicago e já antecipando o feriado de 4 de Julho nos Estados Unidos, quando se comemora o Dia da Independência. Assim, os preços, como acredita o analista de mercado Flávio França Junior, da França Junior Consultoria, encerram a semana com uma nova realidade consolidada – pelo menos por hora. A posição julho/15 subiu 4,29% nos últimos dias – em US$ 10,45 por bushel – enquanto o novembro/15, referência para a safra americana, avançou 5,10% e ficou com US$ 10,30 por bushel.

As cotações registraram o impulso mais significativa na terça-feira (30), quando o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seus dois boletins mais aguardados de junho e mostraram os estoques trimestrais em 1º de junho e a área de plantio da soja na safra 2015/16 dos Estados Unidos abaixo das expectativas do mercado.
“A área veio tímida no contexto da projeção do departamento, surpreendendo a maioria dos levantamentos privados que vínhamos acompanhando (…) Mas, a maior importante informação que me mostra que o mercado realmente mudou de patamar foi o relatório de estoques, que mostrou uma demanda, no último trimestre, bem superior do que se esperava. Eles irão encerrar esse ano comercial, provavelmente, tendo que fazer novos ajustes (dos estoques) nos próximos boletins. Esse é o ponto que me parece ser a base de mudança do patamar de preços”, explica França. “Certamente, aquela hipótese dos US$ 9,00 que o mercado estava batendo há alguma semanas, parece estar definitivamente afastada, combinando esse consumo superior com essa complicação de clima”, completa.
Clima nos EUA
Paralelamente, seguem as atenções voltadas para o comportamento do clima no Meio-Oeste americano e as chuvas continuam chegando à importantes regiões produtoras. E para analistas e consultores. De acordo com informações da Somar Meteorologia, as precipitações seguem sobre essa região dos EUA pelo menos ainda durante essa primeira quinzena de julho, ainda comprometendo o bom desenvolvimento da safra americana, seja de soja ou milho.
“Para os EUA, há chuvas para todas as regiões da metade leste do país. Frentes frias estão provocando chuvas regulares nessas áreas e já é possível fala que todas as regiões produtoras terão chuvas em localidades alternadas, o que vai manter o solo bastante úmido. E mesmo nos dias em que não houver chuvas, o tempo ficará nublado e esse tempo impossibilita uma secagem dessas áreas alagadas, devido à uma baixa taxa de evapotranspiração, o que pode resultar em uma baixa do potencial produtivo”, explica Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Somar.
E mesmo que haja uma melhora significativa das condições climáticas no Corn Belt na segunda quinzena de julho, as quebras que já foram registradas, ainda segundo Santos, são irreversíveis, principalmente em função da estreita janela para os trabalhos de campo com a qual contam os produtores americanos.
O mapa divulgado, nesta quinta-feira, pelo NOAA – o departamento oficial de clima do governo americano – mostra que, nos próximos sete dias, as chuvas continuam até o dia 8 de julho de forma intensa, com volumes acima de 30 mm para estados importantes do Meio-Oeste na produção de grãos.
Fundos de Investimentos
Esse novo ambiente que conta com fundamentos momentâneamente positivos fortalece, ainda de acordo com o analista da França Junior Consultoria, a presença dos fundos de investimento na ponta compradora do mercado, fator que acaba sendo mais um suporte para os mais recentes níveis de preços.
“Essa presença dos fundos traz consistência para os novos patamares (…) Combinada essa sólida demanda no complexo grãos com essa problemática de clima, essa mudança de patamar é, momentaneamente, definitiva, ou seja, não volta mais para os US$ 9,00 (…) Nestas últimas semanas, os fundos estavam bem ausentes na ponta compradora de soja, com menos de 10% de presença nas posições em aberta, e essa presença aumentou agora com esse novo ambiente e os fundos perceberam que os preços estavam muito baixos”, explica.
Mercado Interno
Nesta quinta-feira, o dólar fechou com sua maior baixa desde abril frente ao real e isso limitou o potencial dos preços da soja no Brasil. A moeda norte-americana fechou a R$ 3,0960, recuando 1,56% nesta sessão.
Assim, a soja disponível encerrou os negócios, no porto de Rio Grande, com R$ 73,60 por saca e queda de 0,545, enquanto a oleaginosa da safra nova perdeu 1,18% para terminar em R$ 75,50. Ao longo dessa semana, essa última referência chegou a superar os R$ 76,00/saca. Em Paranaguá, a soja futura terminou o dia estável em R$ 73,50.
No interior, as oscilações nesta quinta-feira foram pouco expressivas e não apresentaram uma direção bem definida. Ao mesmo tempo em que Ubiratã e Londrina, no Paraná, subiram 0,83% para R$ 60,50 por saca, em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, registrou uma perda de 5,17% para R$ 55,00.
FONTE: Notícias Agrícolas