Na primeira noite do abrigo provisório no Vale do Anhangabaú, no Centro de São Paulo, sobraram camas. Segundo funcionários ouvidos pelo Bom Dia São Paulo, 270 moradores de rua passaram a madrugada desta quarta-feira (22) no abrigo na Galeria Prestes Maia com capacidade para 500 pessoas.
Do lado de fora, muitos moradores de rua dormiram sob cobertores nas praças do Centro. Pela manhã, os cobertores ficaram acumulados ao lado de monumentos.
O abrigo tem espaço para carroças e animais de estimação e funciona todos os dias, das 18h às 7h. As carroças serão guardadas no próprio local, pela Guarda Civil Metropolitana e os animais ficarão em um canil montado por agentes de zoonoses da Secretaria Municipal da Saúde.
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Do lado de fora do abrigo, a pilha de cobertores se forma desde sábado (18), quando entrou vigor novo decreto para regulamentar a abordagem aos moradores de rua. A retirada de pertences pessoais como cobertores e barracas móveis está proibida.
Nesta terça-feira, o prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que a zeladoria passou a ter um cuidado adicional com os objetos dos moradores de rua, como cobertores, após polêmica sobre supostos excessos cometidos pela Guarda Civil Metropolitana (GCM). Para o prefeito, houve “uso político” do tema.
“Teve um decreto no sábado [18], o pessoal de zeladoria ficou bastante preocupado com o trabalho que vinha sendo realizado, que já seguia o decreto, mas pelo uso político que foi feito, estão tendo um cuidado adicional, para além do que já vinha sendo feito e está sendo supervisionado para evitar qualquer tipo de problema”, afirmou Haddad durante a inauguração de uma creche municipal para 240 crianças de até 3 anos no Sacomã, Zona Sul de São Paulo, ao ser questionado sobre os cobertores.
Segundo ele, a Prefeitura emitiu uma nota na segunda-feira (20) explicando como seria feito o recolhimento dos objetos a partir de agora. “A [Subprefeitura da] Sé já está tomando as providências”, afirmou.
O decreto, que entra em vigor no sábado (18), regulamenta ações da zeladoria urbana sobre o que pode e o que não pode ser recolhido de moradores de rua. A medida visa evitar eles montem habitação em praças públicas.
“Excepcionalmente, poderão ser recolhidos objetos que caracterizem estabelecimento permanente em local público, principalmente quando atrapalharem a livre circulação de pedestres e veículos, tais como camas, sofás e barracas montadas durante o dia, desde que não sejam removidos pelo possuidor ou proprietário”, informa trecho do decreto publicado no Diário Oficial. Barracas desmontáveis não serão apreendidas.
O prefeito afirmou ainda que as tendas que poderão ser utilizadas pelos moradores de rua serão montadas “no final desta semana”. “Precisa contratar (as tendas). Data e horários exatos (da montagem) não há. Já estamos providenciando”, afirmou.
A medida faz parte da Operação Baixas Temperaturas e visa ampliar o atendimento durante o período crítico de frio.