Sem leitos, Santa Catarina inicia transferência de pacientes para o Espírito Santo

Avião partiu por volta das 8h30 de Florianópolis para pegar o paciente em Chapecó. Esta é a primeira vez que Santa Catarina transfere pacientes para outros estados desde o início da pandemia.

Santa Catarina começa na manhã desta quarta-feira (3) a transferência de pacientes com Covid-19 para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Espírito Santo. O primeiro transporte é feito pelo avião do Corpo de Bombeiros, que saiu por volta das 8h30 de Florianópolis e chegou às 9h45 em Chapecó, no Oeste, região com maior fila de espera no estado. A previsão é que a aeronave decole da cidade nas próximas horas com o primeiro paciente e chegue ao estado capixaba no período da tarde.

Cada paciente será transportado individualmente por causa da gravidade do estado de saúde. A expectativa é que até 16 pessoas recebam assistência médica no Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, no município da Serra (ES), região da Grande Vitória.

A situação da pandemia se agravou em Santa Catarina, principalmente a partir de fevereiro, e há falta de leitos de UTI. Até a noite de terça (2), 251 pessoas aguardavam para serem transferidas. Pelo menos 35 pacientes morreram nessa espera. A taxa de ocupação de leitos de UTI destinado a pessoas adultas com Covid-19 era de 99,95%, às 22h07 de terça.

Transporte

Aeronave Arcanjo decolou às por volta das 8h30 de Florianópolis e desembarcou na cidade de Chapecó. De lá, o Corpo de Bombeiros viaja até o Espírito Santo — Foto: Reprodução/NSC TV

Aeronave Arcanjo decolou às por volta das 8h30 de Florianópolis e desembarcou na cidade de Chapecó. De lá, o Corpo de Bombeiros viaja até o Espírito Santo — Foto: Reprodução/NSC TV

O transporte será feito por meio de aviões do Batalhão de Operações de Aéreas (BOA) e de uma empresa terceirizada. Cada aeronave deve transportar um paciente em cada uma das viagens.

A operação desta manhã é feita pela equipe do Arcanjo 2 e deve se repetir ao longo dos dias. Ainda não foi divulgado como serão as ações da empresa privada.

Aeronave no hangar do Batalhão de Operações Aéreas em Florianópolis — Foto: Reprodução/ NSC TV

Aeronave no hangar do Batalhão de Operações Aéreas em Florianópolis — Foto: Reprodução/ NSC TV

Segundo o superintendente de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado da Saúde, Diogo Bahia Losso, o objetivo é atender prioritariamente a região Oeste, com a transferência de pessoas que estão nos hospitais Regional do Oeste, em Chapecó, Regional São Paulo, em Xanxerê, e Terezinha Gaio Basso, em São Miguel do Oeste. Todas essas unidades já registraram mortes de pessoas que aguardavam por um leito.

Também não há mais vagas de UTI na região da Grande Florianópolis. O governo do estado decretou medidas mais restritivas, mas durante os finais de semana, e disse que vai avaliar os resultados, para depois definir se irá adotar novos protocolos.

No Espírito Santo, a ocupação de leitos de UTI é de 72,77%, de acordo com dados divulgados na terça-feira. Em janeiro, o estado recebeu 36 pacientes com Covid-19 transferidos de Manaus, sendo que seis amazonenses morreram durante o tratamento no estado capixaba. Em fevereiro, o estado recebeu pacientes vindos de Rondônia.

Pandemia no Sul do país

Assim como Santa Catarina, os outros estados da região Sul também vivem o agravamento da pandemia e da situação nos hospitais.

No Rio Grande do Sul, a ocupação dos leitos de UTI cresceu TRÊS vezes mais do que a abertura de novos leitos –houve um aumento de 65% no total de leitos de UTI disponíveis em relação a abril de 2020; no mesmo período, o total de pacientes hospitalizados aumentou 183%.

No Paraná, 174 pessoas aguardavam por leitos de UTI para Covid-19 pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na segunda-feira (1º), de acordo com boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Também de acordo com a Sesa, o sistema de saúde da macrorregião oeste está à beira do colapso, com 99% dos leitos de UTI ocupados.

Em todo o país, estados têm sofrido colapso no sistema de saúde, e há cidades com 100% de leitos de UTI ocupados. G1