Aumento de agressividade, medo, dificuldade de concentração, problemas com o sono são alguns dos sinais de alerta.
Aumento de agressividade, medo, dificuldade de concentração, problemas com o sono são alguns dos sinais de alerta. “Buscar o controle das emoções e tentar transmitir segurança é fundamental. É compreensível que o momento esteja difícil também para os pais, mas o equilíbrio e o bom senso têm que vir deles. Nós, adultos, temos que buscar o controle dessas emoções. Então, a sugestão é sentar e conversar, tentando entender o momento de cada um”, recomenda.
Fernanda Barbosa, 40 anos, sabe bem como é. Com duas filhas em idades bem diferentes (6 e 15 anos), ela conta que é mais difícil lidar com o isolamento com a adolescente, mas a pequena também já começa a demonstrar cansaço e estresse. “No começo, para a caçula, foi o céu. Como moramos em uma casa com jardim e cachorros, ela se adaptou muito rapidamente, mas a felicidade total durou os dois ou três primeiros meses. Agora, já tem crises de choro e de saudade, acorda e dorme agitada e, mesmo que a gente evite que ela assista, as notícias impactam e levam a questionamentos”.
Conta a mãe que, outro dia, depois de um espirro, a caçula disse: “não quero cloroquina”. Fernanda e o marido, Daniel, trabalham em home office desde o início, mas são muitas horas de trabalho que ainda precisam ser compartilhadas com as tarefas de casa e o tempo para as filhas. “Estamos tentando nos dividir para aumentar a atenção com a mais velha. Desde o início da pandemia, foi mais difícil para ela, que sente falta dos amigos, chora muito e tem dificuldade em prestar atenção nas aulas, que são menos atraentes e muito pouco interativas”, comenta Fernanda.
Para ele, o estresse que estamos vivendo agora pode reverberar na vida adulta dessas crianças, provocando baixa autoestima e até quadros mais graves de ansiedade e depressão. Por isso, ele diz que “adotar posturas positivas e atitudes altruístas pode ajudar muito a superar essa fase e propiciar ensinamentos que ficarão para a vida toda. Isso ajudará a transformar essa criança, no futuro, em um adulto capaz de enfrentar e resolver problemas com resiliência e equilíbrio”.
Para os pais, fica sempre a dica: “pensem que há um futuro melhor à frente, conectem-se vocês também com um pouco de esperança, pratiquem empatia com filhos e filhas e os escutem. Todo mundo precisa de um pouco de colo e de esperança neste momento”
Palavra de Especialista
Dicas para lidar melhor com a ansiedade de crianças e adolescentes:
Conversar: ouvir, sem julgar.
Aceitar: o problema existe, não pode ser negado. Lide com ele com cuidado, mas também com coragem e resiliência.
Conversar sobre a situação atual com linguagem simples e adequada a cada idade. As informações devem ser transmitidas de forma tranquila para evitar elevação do estresse.
Acolher o medo e incentivar atitudes positivas.Incentivar práticas altruístas, como doação de brinquedos, roupas, livros, computadores.
Diminuir as cobranças – é hora de praticar a empatia.
Reinventar rotinas com atividades que envolvam toda a família: tirar um horário no dia para fazer algo juntos como jogos, brincadeiras, leitura.
Estabelecer prioridades quanto aos afazeres domésticos, incluindo as atividades escolares. Rotina é importante para a criança.
Promover encontros online com os amigos para diversão e entretenimento.
Fazer uma caminhada ou dar uma volta de bicicleta, respeitando o protocolo de segurança e os melhores horários do sol.
Educar as crianças e adolescentes quanto à importância do distanciamento social, uso de máscaras (para crianças maiores, adolescentes e adultos) e higiene das mãos. Respeitando esses cuidados, não é preciso ficar trancado dentro de casa.
Explicar que há esperança, que vai passar.