O mais famoso crítico brasileiro estava internado em São Paulo após sofrer uma queda num shopping da capital
Muito triste a notícia da morte de Rubens Ewald, nesta quarta (19), mas ele deixou um grande legado no cinema brasileiro. Bastante conhecido nos últimos tempos como o comentarista do Oscar na TNT, Rubens foi “a” escola de crítica de cinema aqui nessas nossas bandas.
Me lembro claramente, nos anos 80, de seu quadro sobre cinema que ia ao ar todos os sábados (salvo engano) no SPTV, na Globo. Ele aparecia para falar sobre os lançamentos da semana e fazia uma rápida crítica a respeito das estreias. Qual valia a pena ver e por quê. E nesse momento, Rubens discorria um pouco sobre cinema em si, sobre a fotografia, sobre o roteiro, sobre atuação etc.
Naquele momento era, basicamente, o único acesso que eu e muitos outros fãs de cinema, tínhamos na época. Havia crítica nos jornais, claro, mas não era ali que pessoas da minha idade buscavam se informar ainda. Mesmo porque era algo um tanto quanto sisudo para gente de pouca idade. Rubens falava de um jeito que a gente entendia. Assim, ele foi se tornando cada vez mais uma referência para milhões de pessoas.
Além disso, era sempre muito bom acompanhar as transmissões do Oscar, também lá pelos anos 80/90, em que ele fazia seus comentários. Era como ter uma aula, uma vez que ele conhecia todo mundo, sabia quem era quem, tinha visto a praticamente tudo. Ele virou mesmo um professor sobre o assunto. Muita gente que hoje faz crítica de cinema, sem dúvida, tem uma influência sua.
Mesmo porque, ao longo dos anos, Rubens passou por diversos veículos de comunicação, comentou o Oscar em canais diferentes e escreveu também sobre cinema e vídeo em muitas revistas e jornais. Ou seja, se você gostava de cinema, praticamente não tinha como escapar de ver sua opinião em alguma mídia.
Claro que com o passar dos anos, Rubens perdeu um pouco essa coisa de ser “a voz” do cinema. Foram surgindo revistas, programas de TV especializados em cinema, sites, blogs e outros críticos foram aparecendo. Mesmo assim, Ewald sempre se manteve como uma referência, aquele sujeito que sua mãe, seu pai, seu tio sempre queriam saber a opinião sobre um lançamento. Conheço gente que não conseguia ver o Oscar no original em inglês porque ia ficar sem ouvir o que Rubens tinha a dizer.
Convivi um pouco com o crítico aqui no R7, onde ele manteve um blog durante alguns anos. Sempre foi uma pessoa de ótimo trato, fácil de lidar e que fazia questão de manter sua coluna sempre atualizada. Ele comentava praticamente todos os lançamentos semanalmente, além de publicar textos enormes sobre a história do cinema.
Com sua morte, o Brasil perde uma verdadeira enciclopédia do cinema. Que foi, inclusive, diretor de alguns filmes. Uma pena. É um cara que vai fazer falta para quem curte a telona. R7