Um dos dez nomes selecionados para disputar a Olimpíada do Rio sob a bandeira dos refugiados, Anjelina Nadai Lohalith tem dois objetivos claros para os Jogos. O primeiro é um bom resultado nos 1.500 metros. O segundo é, com a boa performance, ganhar dinheiro com prêmios e patrocinadores para poder ajudar os pais com quem ela não fala há 15 anos. Dos 6 aos 21 anos, segundo ela, nunca mais conversou com os pais.
“Nunca mais me comuniquei com eles. Se eu tiver sucesso, devo ganhar algum dinheiro para melhorar a vida da minha família. Meu sonho é só ajudar meus pais a construírem uma casa melhor”, contou Anjelina à organização da Olimpíada do Rio.
Anjelina deixou o Sudão do Sul aos 6 anos, acompanhada por uma tia, rumo ao Quênia. Elas fugiram da guerra civil e da onda de violência que destruíram o vilarejo onde moravam. Passaram, então, a viver em Kakuma, no Quênia, em um dos maiores campos de refugiados do mundo.
Lá, Anjelina estudou e começou a correr. Logo venceu as primeiras competições com outras escolas da região, mas foi só quando aconteceu um recrutamento no campo de refugiados que o talento da menina foi descoberto. A sul-sudanesa passou a treinar sob a orientação de Tegla Loroupe, queniana que já teve o recorde mundial da maratona duas vezes.
“Foi uma grande surpresa. Quando eu estava na escola primária, costumava correr por diversão, mas durante a seleção alguém repentinamente disse que eu iria treinar com eles”, relembrou a atleta.
Anjelina tem a companhia de quatro conterrâneos, todos do atletismo, no time de refugiados do COI. Completam a inédita equipe dois atletas do Congo, dois da Síria e um da Etiópia. Com ou sem medalhas, eles pretendem dar um exemplo para o mundo.
“Estou feliz porque será a primeira vez que refugiados estarão representados na Olimpíada, Isso vai inspirar outros refugiados a acreditarem que, onde quer que estejam, eles não são apenas ‘outras pessoas’. Eles terão a motivação para competir em qualquer lugar”, almeja Anjelina.