Quadrilha clonou caminhonetes e MS não pode usar viaturas há quatro anos

Quadrilha clonou caminhonetes e MS não pode usar viaturas há quatro anos
Grupo criminoso agia em todo o Brasil e foi descoberto pela polícia do RS
Esquema descoberto pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul revelou ação de quadrilha especializada em clonar veículos antes mesmo deles saírem das montadoras. Mato Grosso do Sul acabou prejudicado pela ação criminosa porque sete caminhonetes compradas pelo Ministério da Justiça e repassadas ao Estado em 2013 não puderam ser emplacadas porque foram clonadas.
Todo a ação da quadrilha foi revelada ontem em reportagem veiculada no programa Fantástico, da Rede Globo. A Polícia Civil do estado gaúcho descobriu que a quadrilha agia em todo país e usava até chassis de caminhões do Exército para “esquentar” veículos roubados e furtados.
Operação policial prendeu na semana passada 13 pessoas em 15 cidades e 26 caminhões clonados foram localizados. Toda a investigação começou depois que agricultor que teve caminhão roubado decidiu apurar o roubo por conta própria e encontrou galpão onde a quadrilha remarcava os chassis dos veículos roubados com numeração de carros zero quilômetro.
Conforme o secretário de Segurança e Justiça de Mato Grosso do Sul, José Carlos Barbosa, quatro caminhonetes L200 Triton estão em depósito da PM desde que chegaram no Estado, há quatro anos. Outras três também foram clonadas, mas já houve regularização e emplacamento das viaturas.
Os veículos foram adquiridos pela Secretaria Nacional de Segurança, mas não puderam ser emplacados no Estado porque houve a clonagem. Se estivessem regulares, os veículos seriam usados pela Polícia Militar para patrulhamento em cidades do interior do Estado.
O ESQUEMA
Conforme o Fantástico, Ingo Ramson Abraham, conhecido como Tio Pipa, é dono de uma loja de caminhões localizada na cidade de Pelotas. Ele foi uma das pessoas presas na operação realizada pela polícia na semana passada, juntamente com a mulher e um funcionário. Ele, porém, negou as acusações.
Os bandidos também tinham acesso à numeração de chassis dos caminhões do Exército, que não eram emplacados. De posse dessas informações, os suspeitos roubavam veículos similares e remarcavam os chassis com a numeração dos caminhões militares.
A participação de funcionários do Centro de Registro de Veículos (CRVAs) no golpe é investigada pela polícia. Entre os veículos clonados registrados pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) estava o caminhão do agricultor.
Uma das linhas de investigação é a de que os dados tenham sido vazados a partir do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), órgão ligado ao Ministério das Cidades, que gerencia o sistema de registro de veículos de todo o Brasil. Por meio de nota, a pasta diz que não existem evidências de que esteja ocorrendo algum vazamento.
As montadores Toyota e Mitsubishi negam envolvimento de funcionários no esquema. Segundo elas, os dados usados pela quadrilha só poderiam ser obtidos com o Denatran.
Fonte: Correio do Estado