O estudo acompanhou 33 mulheres, entre 23 e 45 anos, durante a gravidez e o primeiro ano de vida de seus filhos
Uma pesquisa recente, realizada na Universidade da Califórnia e publicada na revista científica Sleep Health, mostrou que a falta de sono de mães nos primeiros seis meses após o nascimento de seus filhos pode acelerar o envelhecimento celular.
Ao todo, o estudo acompanhou 33 mulheres, entre 23 e 45 anos, durante a gravidez e o primeiro ano de vida de seus filhos –a maioria das mulheres que participaram da pesquisa era casada e 57% nulíparas, ou seja, não tiveram outro filho antes.
Para a pesquisa, as mulheres responderam questionários sobre o sono e também tiveram amostras de sangue avaliadas -elas participaram de seis encontros, três durante a gravidez e o restante durante o primeiro ano de seus filhos.
Após o acompanhamento, a pesquisa mostrou que as mães que dormiam menos de sete horas por dia tinham a idade biológica de 3 a 7 anos mais velha do que aquelas que mantiveram o sono saudável.
Nas mães que alegaram ter o sono privado, foi observado um encurtamento do telômero. “O telômero é um pedaço do cromossomo e, quando há o encurtamento, isso indica um sinal de envelhecimento celular”, explica Helena Hachul, ginecologista e pesquisadora do Instituto do Sono.
A exaustão materna no pós-parto é um fato, lembra a médica. “Quando você é médico e está em um plantão, uma hora ele termina e você passa o turno para o próximo. Já com o neném, não tem o que fazer, não tem um sono contínuo por meses. A cada 2 ou 3 horas, ele chora ou precisa mamar”, afirma.
Já com as mães recentes, o cenário é agravado, uma vez que a falta do sono acontece todas as noites. “Temos um ser que depende da mãe para viver, além disso, temos a inexperiência e a preocupação embutida nesse momento, associado a mudanças hormonais”, explica Bacelar.
Um dos perigos da falta de sono na mãe que está no período de amamentação é a falta de leite, uma vez que o leite materno é produzido durante o sono. “Essa mãe precisa dormir para produzir leite e alimentar o filho, se ela é privada do sono e não consegue suprir na produção de leite, vai acumular preocupações que também interferem negativamente no sono”, diz.
Bacelar também afirma que, apesar de existir a regeneração celular, que compensa as perdas, a privação de sono é acumulativa e não é possível recuperar o sono perdido.
No caso de mães, o mais recomendado é aproveitar os momentos em que o bebê está dormindo para conseguir garantir algumas horas de sono. O sono polifásico, aquele dividido em vários cochilos ao longo do dia, não é o ideal, explica a médica, mas é uma forma de a mãe garantir algumas horas de descanso.
Carina Sousa, psicóloga perinatal e criadora da página no Instagram Maternidade Pensante, afirma que é preciso atenção ao pós-parto. Dentro do consultório, ela diz que é comum ouvir das pacientes que não sabem o que está acontecendo com elas. “É um turbilhão de emoções e nem sempre o sono é o único problema, é o contato com o desconhecido, a amamentação, além de muitos sentimentos, tanto de alegria, quanto de tristeza”, diz.
O sono do bebê, a psicóloga lembra, é desregulado até os quatro primeiros meses de vida, quando o organismo passa a produzir a melatonina, o hormônio regulador do sono. Por isso, é recomendado que as mães encontrem redes de apoio para que consigam descansar nesse período.
Souza sugere, por exemplo, que enquanto o neném dorme, a mãe conte com a ajuda de algum familiar ou amigo, que possa cuidar das tarefas domésticas, para ela dormir. Além disso, é importante buscar apoio emocional, já que a maternidade é carregada de dúvidas e inseguranças. E, por fim, se conectar a um grupo de mães também é uma boa opção para que a mulher entenda que aquilo que ela está passando não é anormal.