Presidente da Uber deixa empresa após 6 meses no cargo
Jeff Jones foi um dos executivos que saíram, no momento que a Uber enfrenta acusações de assédio sexual
Henrique Kawaminami
Jeff Jones, presidente da Uber e a segunda pessoa mais importante dentro do serviço alternativo de transporte, está de saída da empresa depois de seis meses de assumir o cargo. A Uber confirmou no último domingo (19) a informação do site “Recode.
“Nós gostaríamos de agradecer ao Jeff por seus seis meses na companhia e queríamos lhe desejar tudo de melhor”, afirmou a Uber em nota.
Jones era o executivo mais poderoso na Uber após Travis Kalanick, cofundador e presidente-executivo da empresa. Ele assumiuo cargo em agosto de 2016, após deixar o cargo de diretor de marketing da rede de varejo Target.
Segundo o “Recode”, a saída de Jones está ligada às recentes polêmicas em que a Uber se envolveu recentemente, como as acusações de assédio sexual. De acordo com a publicação, fontes próximas afirmaram que o Jones ficou incomodado com a mudança da situação.
Outro fato colaborou, mas não foi determinante: Kalanick anunciou no começo do mês que está à procura de um chefe de operações (COO, na sigla em inglês). “Alguém em pé de igualdade que possa se associar a mim para escrever o próximo capítulo da nossa jornada”, descreveu o CEO, em comunicado enviado aos funcionários.
Jones comentou sua saída da empresa ao “Recode”: “Agora, está claro, entretanto, que as crenças e abordagens de liderança que guiaram minha carreira são inconsistentes com o que eu vi e com minhas experiências na Uber, e eu não posso mais continuar como presidente do negócio de serviço de caronas”.
Kalanick comentou a saída de Jones em carta enviada aos funcionários. “Depois de anunciar nossa intençao de contratar um COO, Jeff chegou à difícil decisão de que ele não via seu futuro na Uber. Foi um infortúnio que isso tenha sido anunciado pela imprensa, mas eu achei que fosse importante enviar a todos vocês um e-mail antes de fazer um comentário público”, escrever Travis em nota aos funcionários.
Mais saídas
Outro que recentemente anunciou sua saída da empresa, é Brian McClendon, que cuidava dos mapas e da plataforma de negócios.
“Sr. McClendon está saindo de forma amigável de Uber e será um conselheiro para a empresa “, disse um porta-voz da Uber em uma declaração.
McClendon comentou no Twitter que está voltando ao Kansas, estado norte-americano, para trabalhar as “ambições políticas”.
Antes disso, Gary Marcus que cuidava da parte de inteligência artificial, anunciou dias depois do vice-presidente de produto e crescimento Ed Baker renunciar.
Ainda em março, o diretor sênior do Centro de Tecnologias Avançadas da Uber, Raffi Krikorian, saíu da empresa alegando que “queria dedicar algum tempo para se concentrar em sua família quando se mudam para a Califórnia”.
Amit Singhal, vice-presidente sênior de engenharia na Uber, saiu da empresa em fevereiro, poucos dias depois que a Uber foi acusada de que tinha ignorado queixas de assédio sexual.
Assédio Sexual
Em fevereiro, Susan Fowler, que trabalhou como engenheira na Uber de novembro de 2015 a dezembro de 2016, escreveu em uma publicação em seu blog que ela foi submetida a assédio sexual, mas, quando relatou a ofensa aos funcionários de recursos humanos e de gestão, eles se recusaram a punir o agressor porque ele tinha “um alto desempenho”.
Fowler, que agora é engenheira na empresa de pagamentos Stripe, disse que seu gerente usou o software de bate-papo da empresa para tentar “fazer com que eu fizesse sexo com ele”. Ela fez imagens da tela com as mensagens e as incluiu em seu relato ao RH da Uber.
Segundo Fowler, a administração disse que “eles não se sentiriam confortáveis punindo-o pelo que provavelmente foi apenas um erro inocente de sua parte”.