Eduardo Diniz e mais duas pessoas são suspeitas de desaparecerem com entorpecente; diferença em embalagens escancarou crime
O desaparecimento de mais de 170 quilos de maconha de uma delegacia de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul será investigado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Inquérito civil neste sentido foi aberto pelo promotor Paulo da Graça Riquelme de Macedo Junior, com base em investigações abertas pela Polícia Civil de Itaquiraí –a 410 km de Campo Grande– que apontaram para a responsabilidade de um investigador do órgão.
Ele, ao lado de pelo menos duas pessoas, teria atuado para parte de uma carga de drogas apreendidas em 8 de junho deste ano no município. Encontrado em uma GM Montana abandonada na BR-163, o carregamento, distribuído em embalagens verdes com marcas semelhantes à do “Coelhinho da Playboy”, pesou mais de 559 kg. Também foram encontrados cerca de 15 kg de skank (a “supermaconha”).
Investigações sobre a apreensão da droga, sua pesagem e posterior armazenamento no depósito da Polícia Civil em Itaquiraí levantaram suspeitas sobre a atuação de Eduardo Luciano Diniz, o investigador de Polícia Judiciária que atuou naquele plantão e figura como alvo do inquérito do MPMS.
A apuração policial teve início quando o escrivão responsabilizado por coletar amostras das drogas para análise constatou uma “grande diferenças nas embalagens apreendidas”, já que parte da droga, agora, estava dentro de uma pilha de sacos de ração, feitos de nylon amarelo. O entorpecente embalado nos pacotes verdes foi novamente pesado, totalizando 386 quilos –ou seja, 173 a menos. Já as drogas que estavam nos sacos que não estavam no local antes pesaram cerca de 200 quilos.
Dados coletados na delegacia e em câmeras de segurança apontaram, ainda, que durante o plantão, da 1h45 às 2h50, uma viatura GM Blazer da Polícia Civil percorreu um trajeto de 8 km entre a delegacia e um lote no assentamento Indaiá –sendo que a saída havia sido registrada como se fosse para um local oposto pela BR-163. O local visitado era o endereço de Moisés Lopes Ferreira, 37, com suspeitas anteriores de envolvimento com o tráfico. Além dele, Cristiano da Silva Marques, 32, também teria envolvimento com os fatos.
No percurso, a viatura foi seguida por uma caminhonete Toyota Hilux. Foram encomendados exames para verificar se a droga foi transportava no compartimento de presos da viatura. Com a apuração do caso, ainda foram verificados procedimentos inadequados adotados por Diniz durante a apreensão, sendo apontado que ele teria atuado na substituição da droga.
O policial civil e os dois suspeitos foram alvos de pedidos de prisão temporária –as de Moisés e Cristiano, depois, foram declaradas preventivas no curso das apurações.
Eduardo Diniz, acusado de mentir durante os autos “tentando se esquivar da consequência de seus atos”, não foi localizado, apresentando-se em julho para depor, ocasião em que negou o crime, mas exerceu o direito de ficar em silêncio sob a afirmação de que esclareceria os fatos no “momento certo”. Ele foi afastado das funções. CGNEWS