Além de armamento de guerra e explosivos, DOF apreendeu SUV com blindagem dupla na traseira, para segurar tiros em perseguição
Helio de Freitas, de Dourados
Blindagem dupla na traseira de SUV da Toyota; veículo preparado para levar tiros em perseguição (Foto: Adilson Domingos)
Entre as linhas de investigação da polícia sobre o arsenal encontrado neste domingo em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande, está a suspeita de envolvimento do Novo Cangaço, quadrilhas que agem em vários estados brasileiros, assaltando carro-forte e agências bancárias. O nome é inspirado nos cangaceiros que por três décadas cometeram crimes no Nordeste brasileiro.
No início de dezembro de 2019, cinco integrantes do Bonde do Maluco, entre eles o principal líder da quadrilha, José Francisco Lumes, o “Zé de Lessa” – bandido mais procurado da Bahia – tentaram assaltar um carro-forte entre Caarapó e Amambai. Eles não conseguiram levar o dinheiro e foram mortos um dia depois, em confronto com a polícia.
Ao Campo Grande News, o diretor do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), tenente-coronel Marcos Paulo Gimenez, disse que são fortes os indícios de ligação do Novo Cangaço com as armas, munições, granadas e explosivos encontrados enterrados na chácara, perto do perímetro urbano de Ponta Porã.
A polícia suspeita que a quadrilha planejasse outro assalto na fronteira após a frustração de dezembro passado. Além do armamento de guerra e dos explosivos, outro detalhe que chama atenção é a SUV Toyota blindada com placa do Paraguai, apreendida com os três homens presos.
Além da blindagem normal, a caminhonete tinha uma segunda proteção na parte traseira, com capacidade para suportar até tiro de calibre 30. É como se o veículo tivesse sido preparado para levar muitos tiros na parte traseira, durante uma perseguição. Entre os materiais apreendidos também havia uma máscara de palhaço.
Os homens presos – um de 25 anos morador em Campo Grande, outro de 38, proprietário do material apreendido e morador em Ponta Porã, e um de 29 anos, morador na cidade do Rio de Janeiro – negaram ligação com facções criminosas, mas a polícia não descarta que eles façam parte do Comando Vermelho e que o arsenal fosse levado para o Rio de Janeiro.
Segundo o tenente-coronel Marcos Paulo, o serviço de inteligência do DOF já investigava o caso há algum tempo e ontem chegou a um dos envolvidos. Em seguida foram presos os outros dois. Os nomes não foram divulgados. “Armamento pesado, muita munição, explosivos, estavam preparando uma ação bem grande”, afirmou o diretor.
Os três presos foram entregues à Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira), que vai assumir as investigações sobre o arsenal e sobre os envolvidos. O DOF ainda não informou a quantidade de armas, munições e explosivos encontrados na chácara. (Colaborou Adilson Domingos.Cgnews