Atendimento no módulo é exclusivo para militares e familiares, com objetivo de desafogar o Hospital Geral de Curitiba. Todos os leitos de UTI Covid-19 da instituição estão ocupados, nesta quinta-feira (18).
Por Bárbara Hammes, G1 PR
O pior momento da pandemia no Paraná, com o sistema de saúde em colapso, atingiu os militares do Exército, considerados trabalhadores da linha de frente contra a Covid-19.
Nesta quinta-feira (18), quando o Paraná tem mais de 14 mil mortes registradas pela doença e mais de 760 mil casos confirmados, começou a funcionar no pátio do Hospital Geral de Curitiba (HGeC) um módulo de hospital de campanha para atendimento de militares e família.
Conforme o comando da 5ª Região Militar (RM), a montagem da estrutura foi necessária por causa da lotação de 100% dos seis leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19 do Hospital Geral. A corporação também não descarta a possibilidade de transferência de pacientes.
A 5ª RM comanda as organizações militares do Paraná e de Santa Catarina.
O Hospital Geral e o novo módulo oferecem atendimento exclusivo aos servidores das Forças Armadas e familiares, isto é, cidadãos sem relação com a corporação não são atendidas no local.
Segundo a 5ª RM, apesar disso, cerca de 60 mil pessoas são atendidas pelo Hospital Geral, que recebe militares que atuam na linha de frente da pandemia no Paraná e em Santa Catarina.
A situação crítica avança também entre os leitos de enfermaria exclusivos para a doença. Por meio de nota, a corporação disse ainda que o setor também está, constantemente, próximo à lotação máxima.
O G1 solicitou os números de militares da 5ª RM infectados pelo novo coronavírus e também se houve mortes na categoria, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.
Por meio de nota, o Comando da 5ª Região Militar afirmou o Exército Brasileiro desempenha “papel fundamental durante a pandemia, empenhando-se em preservar vidas”, com iniciativas como doações de sangue e logística para transporte e entrega de medicamentos.
Disse, também, que segue um protocolo rígido de prevenção à doença em todas as instalações.
Módulo de hospital de campanha
Local tem 144 metros quadrados e foi montado em menos de 48 horas — Foto: Divulgação/5ªRM
O local tem 144 metros quadrados e foi montado em menos de 48 horas, no começo da semana. O funcionamento iniciou nesta quinta-feira apenas com o serviço de triagem, segundo a 5ª RM.
Na estrutura, além do posto de triagem, funcionarão também dois consultórios e uma nova ala de enfermaria com seis leitos. Outros seis podem ser abertos para que haja separação entre homens e mulheres, conforme o Exército.
O módulo cedido pela corporação veio do Rio de Janeiro, onde funcionava um hospital de campanha. A maior parte da estrutura carioca foi para o Rio Grande do Sul.
De acordo com a 5ª RM, com a remessa também foram disponibilizados equipamentos para mobiliar quatro leitos de UTI no prédio principal do HGeC.
Todos os recursos utilizados na montagem são da corporação.
Transferência de pacientes
Diante da gravidade da pandemia, a 5ª Região Militar não descarta a transferência de pacientes com quadro graves.
“Diante da situação do Hospital Geral de Curitiba, novos casos graves serão encaminhados para outros hospitais conveniados ou serão feitas evacuações aeromédicas para o Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP) ou para o Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília. Cada caso é analisado para a melhor solução”, afirmou o setor de comunicação.
Protocolos de segurança
Com atuação na linha de frente, militares do Exército fazem parte do grupo considerado essencial na pandemia.
Entre as medidas, a 5ª RM ressalta a sanitização de ambientes, utilização e a disponibilização de álcool em gel em todas as seções, nos espaços de troca de Guarda, a utilização obrigatória de máscara e também os cuidados no refeitório.
Nestes momentos, segundo a corporação, “os militares são servidos por uma equipe para evitar compartilhamento de colheres e conchas de servir”.
O Comando também disse que novos recrutas fizeram todos os exames antes da incorporação ao efetivo. Além disso, reuniões, palestras e formaturas foram restritas e são feitas apenas quando “necessário e com o efetivo reduzido”.
Também foram feitas alterações em horários de trabalho com rodízio de militares, além de parte do efetivo administrativo estar trabalhando de forma remota.