Dados levantados junto à indústria ervateira apontam boa lucratividade para os produtores do estado.
Produzir erva-mate para atender um mercado consumidor que cresce a cada dia dentro e fora de Mato Grosso do Sul comprovadamente é um bom negócio. É que o revela uma pesquisa desenvolvida por um grupo de alunas dos cursos de Administração e de mestrado em Desenvolvimento Regional e Sistemas Produtivos da unidade universitária da UEMS de Ponta Porã. O trabalho que será apresentado fora do Brasil nos próximos dias foi coordenado pelo professor Moises Centenaro, coordenador do curso de Administração oferecido pela instituição na fronteira.
A pesquisa apurou que produzindo erva-mate o produtor consegue obter um rendimento na ordem de R$ 2.100,00 por hectare cultivado, quase que o dobro de culturas tradicionais como soja e milho. Além disso, se a atividade for consorciada com outro cultivo, proporciona ainda mais lucratividade para os produtores. Por isso que o cultivo da erva-mate é recomendado para os pequenos produtores.
A pesquisa revelou que o estado de Mato Grosso do Sul não está aproveitando o grande potencial existente para a produção da erva-mate. Dados coletados junto á indústria ervateira revelam que a produção, nos últimos 11 anos caiu cerca de 94%, ou seja, no ano de 2002 o estado produzia 3.288 toneladas de folha verde da erva e, em 2013, apenas 183. “O resultado disso é que nas indústrias pesquisadas, apenas uma consegue empacotar erva-mate produzida em nosso estado. A maioria tem que importar matéria prima de estados vizinhos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, informa o professor Moises Centenaro.
Se por um lado, os dados revelam um decréscimo considerável na produção local, a pesquisa aponta para o grande potencial existente no estado: “os resultados da pesquisa evidenciaram que existe demanda para o produto no estado e que o volume de matéria prima trazida de outros estados pode ser cultivado no Mato Grosso do Sul, gerando renda e empregos para a região”, expõe.
Na pesquisa, analisando-se os dados coletados, conclui-se que para atender apenas um terço das indústrias existentes em Mato Grosso do Sul (18 que estão em funcionamento) seriam necessários mais de 10 mil toneladas de folha verde. Esta produção só é atingida numa área de 2.037 hectares cultivados. Hoje, Mato Grosso do Sul possui apenas 252 hectares ocupados com erva-mate. Há uma década, a área era de 588 hectares. Por isso, em 10 anos, a produção caiu de 2.283 toneladas de folha verde para 183 toneladas. “A erva-mate é uma excelente opção para a diversificação das atividades rurais. Um produto que combina com a agricultura familiar, proporcionando renda e geração de empregos não apenas no campo quanto nas cidades por conta da indústria que precisa atender uma demanda forte. Afinal de contas, vivemos num estado em que o hábito do consumo da erva-mate é diário”, conclui o professor.
Participam da pesquisa as alunas Ariane Hernando Barrios, graduanda de Administração, Claudia Vera da Silveira e Alessandra de Freitas Fontanive, mestrandas em Desenvolvimento Regional e Sistemas Produtivos. Os dois cursos são oferecidos na unidade universitária da UEMS em Ponta Porã.
Legenda da foto: Nivalcir Almeida
“MS perde empregos e renda por falta de incentivo à produção ervateira” afirma o professor da UEMS de Ponta Porã, Moisés Centenaro.