O Papa Francisco citou nesta sexta-feira, dia 25 de setembro, a “perigosa situação da Amazônia” e afirmou que a crise ambiental é ligada à social durante o seu discurso na 75ª assembleia geral da ONU (Organização das Nações Unidas.
“Eu penso na perigosa situação da Amazônia e dos povos indígenas que vivem lá. Isso nos lembra que a crise ambiental é intimamente ligada à crise social e que o cuidado com o ambiente exige uma abordagem abrangente para lidar com a pobreza e combater a exclusão”, declarou em discurso gravado previamente.
Neste ano, pela primeira vez na história da organização, a assembleia geral é virtual por causa da pandemia de Covid-19.
O papa lembrou que, há cinco anos, quando ele participou pessoalmente da assembleia anual da ONU, foi um período marcado por “um multilateralismo verdadeiramente dinâmico”.
“Foi um momento de grande esperança e promessa para a comunidade internacional, às vésperas da adoção da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Alguns meses depois, o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas também foi adotado”, lembrou.
No entanto, o pontífice avalia que a comunidade internacional não foi capaz de colocar em prática os compromissos assumidos.
“Nós precisamos ser honestos e admitir que, embora alguns progressos tenham sido feitos, a comunidade internacional não foi realmente capaz de cumprir as promessas feitas cinco anos atrás”.
Sessão de abertura
Essa não foi a primeira vez que a Amazônia foi citada durante essa assembleia. Na sessão de abertura, na terça-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil é “vítima” de uma campanha “brutal” de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. Ele afirmou que floresta amazônica é úmida e só pega fogo nas bordas e que os responsáveis pelas queimadas são o ‘índio’ e o ‘caboclo’.
O discurso de Bolsonaro foi proferido em um contexto de intensas queimadas que assolaram o Pantanal nas últimas semanas. O bioma teve em setembro o recorde histórico de focos de incêndio para o mês. Na Amazônia, principal alvo de preocupação da comunidade internacional, os alertas de desmatamento subiram 34% de agosto de 2019 a julho de 2020, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Fim das sanções
O pontífice fez um apelo, sem citar os países, pela flexibilização das sanções internacionais que, segundo ele, afetam principalmente as populações civis.
“Eu também reitero a importância de flexibilizar as sanções internacionais que tornam difícil para os Estados fornecerem apoio adequado aos seus cidadãos”.
Apelo pela união
O papa expressou ainda seu desejo de que a ONU seja mais eficaz e que o Conselho de Segurança seja “mais unido e determinado”, de acordo com a France Presse.
“Nosso mundo, carregado de males, precisa que as Nações Unidas se tornem um vetor internacional de paz cada vez mais eficaz. Isso significa que os membros do Conselho de Segurança, especialmente os membros permanentes, devem agir com mais unidade e determinação”, disse.
“Você nunca sai de uma crise como antes: ou sai melhor ou pior”, afirmou.
“A crise relacionada à pandemia de Covid-19 nos mostrou que não podemos viver uns sem os outros. As Nações Unidas foram criadas para unir as nações, para representar uma ponte entre os povos. Façamos um bom uso desta instituição”, pediu.