O curso pode ser matemática, direito ou filosofia, mas, para a Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), todas as instituições de ensino superior deveriam ser obrigadas a oferecer atividades esportivas aos seus alunos. Na opinião do presidente da confederação, Luciano Cabral, o debate é necessário como parte da inclusão do esporte na educação brasileira.
“A CBDU acha um absurdo instituições de ensino serem autorizadas a atuar sem ter equipamento esportivo proporcional ao número de alunos. Isso não ser obrigatório é negar o esporte dentro do ambiente educacional”, defendeu Cabral, que retorna hoje (1º) ao Brasil, depois de ter acompanhado a Universíade de Taipei. “Precisamos formar o atleta e corrigir o equívoco cultural que temos no país de que o esporte e a educação não estão associados”.
Na visão do presidente da confederação, os alunos não devem ser obrigados a incluir o esporte em seu calendário acadêmico, mas as opções devem estar disponíveis, o que ajudaria no desenvolvimento do esporte universitário no país. As estruturas podem ser desde uma equipe de xadrez até um ginásio poliesportivo, já que a obrigatoriedade defendida pela CBDU deveria levar em conta o tamanho da instituição.
Uma das estratégias da CBDU para promover esse debate foi a candidatura de Brasília para sediar a Universíade de 2019. O Distrito Federal chegou a ser escolhido como sede em 2013, mas renunciou à candidatura no fim de 2014, o que transferiu o evento para Nápoles, na Itália. Segundo a Federação Internacional do Esporte Universitário, a decisão foi justificada por dificuldades financeiras.
“O brasileiro precisa descobrir a Universíade, saber que 70% das medalhas olímpicas passam por ela”.
Participação do Brasil
Cabral avaliou positivamente a participação do Brasil na Universíade de 2017, disputada em Taipei entre 19 e 30 de agosto. O país terminou na 28ª colocação no quadro geral de medalhas, mas aumentou o número de pódios em relação às três edições anteriores. Para o presidente da CBDU, mesmo onde não houve pódios, houve avanços.
“Temos uma quantidade enorme de atletas que chegaram às finais no atletismo e da natação. Nós avançamos muito. Onde não conquistamos medalhas, nos posicionamos muito acima dos últimos resultados”.
A delegação recorde de 181 atletas tinha 19 que participaram da Olimpíada do Rio de Janeiro. Alguns imprevistos, porém, prejudicaram o resultado: Maicon Andrade se machucou e não conseguiu disputar a final no taekwondo; Allan do Carmo e Viviane Jungblut passaram mal com a alta temperatura da água e perderam posições no fim da maratona aquática; e Aldemir Gomes foi desclassificado da final dos 200 metros rasos após árbitros identificarem que ele tinha pisado na faixa durante a semifinal.
Além das finais disputadas, o presidente da CBDU destacou o ouro do futebol feminino – o primeiro em 12 anos – e o desempenho do judô, que conquistou sete medalhas. Para Cabral, o Brasil foi à Universíade com uma geração formada nos preparativos para a RIo 2016, que “já não se deslumbra com grandes eventos”.
“O grande desafio é manter isso para o futuro, continuar avançando. Precisamos buscar outros estímulos. Todo mundo tem que discutir isso, confederações, ministério. Os resultados não podem cair depois da Olimpíada. Alguns países cometeram esse erro, e não podemos cometer também”.
Fonte: Agência Brasil