Por: Folha de Dourados
A Odebrecht entregou à força-tarefa da Lava Jato um livro no qual constam todos os apelidos dados a políticos e o respectivo nome de parlamentares e governadores que receberam dinheiro oficial e de caixa 2 nas últimas campanhas eleitorais. A medida faz parte do acordo de delação premiada firmado entre a empreiteira e o Ministério Público Federal (MPF).
Em fevereiro deste ano, a Polícia Federal apreendeu, durante a 23ª fase da Lava Jato, documentos com listas que enumeram valores, políticos e seus apelidos. Entre os citados estão o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os senadores José Sarney (PMDB-AP), Romero Jucá (PMDB-RR) e Humberto Costa (PT-PE), o ex-governador e ex-ministro Jaques Wagner, o ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em 2014, entre inúmeros outros.
As planilhas também revelam documentos de alguns políticos: Eis alguns apelidos atribuídos aos políticos nos documentos da Odebrecht, vários com conteúdo derrogatório: Jaques Wagner: Passivo, Eduardo Cunha: Caranguejo, Renan (Calheiros): Atleta, José Sarney: Escritor, Eduardo Paes: Nervosinho, Humberto Costa: Drácula, Manuela D’Ávila: Avião.
Nesta sexta-feira (29), foram iniciadas os depoimentos de 15 executivos da Odebrecht, incluindo o de Marcelo Odebrecht. As delações devem atingir mais de 100 políticos, entre eles ministros, senadores, deputados, dez governadores e alguns ex-governadores. Geraldo Alckmin (PSDB) e Sérgio Cabral (PMDB), que já foi citado em outros depoimentos, são alguns dos implicados nas delações da empreiteira.
Embora ainda não haja detalhes sobre a forma como cada um dos nomes aparecem na lista da Odebrecht, em junho, durante tratativa para negociação de delação premiada, a empreiteira revelou a procuradores da Operação Lava Jato que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) cobrou propina em obras como o metrô e a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014. O executivo responsável por detalhar o que chama de “contribuição” a Cabral é Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-diretor-presidente da construtora que foi preso em fevereiro por suspeitas de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.
Silva Júnior deve incluir outras obras, além do metrô do Rio e do Maracanã, na conta de Sérgio Cabral, como o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). Há a expectativa também de que ele afirme que o ex-governador tinha como regra cobrar da empreiteira o pagamento de 5% do valor total dos contratos das obras.
As planilhas da Odebrecht apreendidas pela Polícia Federal em março deste ano já mostravam o nome de Sérgio Cabral como beneficiário de R$ 2,5 milhões pagos pela empresa em razão de obras da linha 4 do metrô do Rio. Já a reforma do Maracanã, sede da final da Copa, foi orçada inicialmente em R$ 720 milhões, mas acabou custando mais de R$ 1,2 bilhão.