Odebrecht diz que Lula atuou junto ao BNDES por porto em Cuba
O executivo Emílio Odebrecht, dono do Grupo Odebrecht, afirmou em depoimento não ter “dúvida” de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuou junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que fossem financiadas as obras de construção do porto de Mariel, em Cuba. O porto foi construído pela Odebrecht.
A afirmação de Emílio Odebrecht foi dada ao Ministério Público Federal no acordo de delação premiada fechado no âmbito da Operação Lava Jato.
Procurado, o Instituo Lula divulgou a seguinte nota: “Delações não são provas, apenas indícios de provas. Mesmo que tudo que foi relatado seja verdadeiro, não existe nenhum ato ilegal do ex-presidente no relato de Emílio Odebrecht. As informações na imprensa relatam, inclusive, que o empréstimo do Porto de Mariel tem sido pago pelo governo cubano de acordo com o contrato que é com o governo de Cuba, não com a Odebrecht.”
O G1 buscava contato com o BNDES até a última atualização desta reportagem.
O porto foi inaugurado em 2014 e contou com a presença da então presidente Dilma Rousseff. A obra custou quase US$ 1 bilhão e foi 80% financiada pelo governo brasileiro.
O depoimento
No depoimento, Emílio Odebrecht afirmou ter sido procurado por Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela que morreu em 2013, que mantinha “relação intensa” com Fidel Castro, para que a construtora viabilizasse a construção de um porto em Cuba.
Emílio Odebrecht, então, afirmou aos procuradores ter respondido à época a Chávez que uma obra desse tipo poderia criar problemas à empresa, em razão de a Odebrecht atuar Estados Unidos, país que retomou relações diplomáticas com Cuba somente em 2015, após décadas de afastamento.
Mas, acrescentou, a empreiteira poderia atender ao pedido, desde que o governo brasileiro se “engajasse” no projeto.
“Eu não gostaria de estar tomando a iniciativa, e o senhor, que tem uma boa relação com o presidente Lula, podia ligar para ele e transmitir isto”, disse Emílio Odebrecht, ao relatar a conversa com Hugo Chávez. “De fato, ele fez”, acrescentou.
Na sequência, o executivo explica que esteve com Lula, relatou ao ex-presidente a conversa com Chávez e “foi aí que deslanchou”. Aos investigadores, Emílio Odebrecht disse que foi feito na empresa um trabalho de cerca de um ano “para conseguir encontrar as soluções para não deixar nenhuma ponta dessa desamarrada e o financiamento terminou sendo a parte de exportação brasileira aprovado pelo BNDES”.
Questionado, nesse instante, se houve “ingerência” do ex-presidente Lula sobre o BNDES, Emílio Odebrecht respondeu:
“Eu não tenho dúvida nenhuma. Porque eu só conto. Eu diria que o BNDES jamais […] e nós próprios nem levaríamos um assunto de financiamento ao BNDES para Cuba, não estava dentro do nosso plano e nem dentro das diretrizes do BNDES.”
Fonte: G 1