Rússia diz que a Ucrânia está planejando usar esse tipo de arma na guerra. O presidente ucraniano acusa Putin de tentar justificar uma escalada no conflito.
Usina nuclear de Zaporizhzhia em Enerhodar, na Ucrânia, é a maior da Europa — Foto: REUTERS/Alexander Ermochenko
A “bomba suja” que, segundo Moscou, a Ucrânia pretende detonar em seu próprio solo, não é um artefato nuclear, mas uma bomba convencional envolta em materiais radioativos destinados a serem disseminados na forma de pó durante a explosão.
“Se a Rússia diz que a Ucrânia está preparando algo, isso significa apenas uma coisa: que a Rússia já preparou tudo isso”, reagiu o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusando Moscou de tentar justificar uma escalada no conflito.
O termo “bomba suja”, também chamada de “dispositivo de dispersão radiológica” (ou RDD, na sigla em inglês), designa qualquer artefato que, ao ser detonado, espalha um, ou vários, produtos química ou biologicamente tóxicos (ou NRBC, sigla em inglês para nuclear, radiológico, biológico, ou químico).
Este tipo de bomba não é considerado uma arma atômica. A fabricação de uma bomba atômica requer tecnologias complexas de enriquecimento de urânio. Sua explosão resulta da fissão (bomba A), ou fusão (bomba H) nucleares e provoca imensa destruição em um amplo raio.
Muito menos complicada de fabricar, a “bomba suja” utiliza um explosivo convencional. Seu principal objetivo é contaminar uma área geográfica, assim como quem estiver na região, tanto com radiações diretas quanto pela ingestão ou inalação de materiais radioativos.
“Uma bomba suja não é uma ‘arma de destruição em massa’, mas uma ‘arma de perturbação em massa’, que busca, principalmente, contaminar e amedrontar”, resume a Comissão Reguladora Nuclear dos Estados Unidos.
A poeira e a fumaça radioativas podem propagar-se e representar um risco à saúde, em caso de inalação do ar ou de ingestão de alimentos e água contaminados.
Os materiais radioativos necessários para a elaboração desse tipo de artefato costumam ser usados em hospitais, centros de pesquisa e estabelecimentos industriais ou militares.
“As substâncias radioativas procedentes de instalações de armazenamento de combustível nuclear usadas na central nuclear [ucraniana] de Chernobyl podem ser usadas” para fabricar uma bomba suja, disse o general russo Igor Kirillov, encarregado de substâncias radioativas e produtos químicos e biológicos no Exército, em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (24).
Em março de 2016, a célula terrorista responsável pelos atentados a bomba em Bruxelas planejava fabricar uma “bomba suja” radioativa, após monitorar por vídeo um “especialista nuclear” belga.
No início desse ano, a mídia russa já havia afirmado que a Ucrânia estava perto de construir uma “bomba suja” baseada em plutônio, embora não tenha citado nenhuma evidência de que isso de fato estivesse ocorrendo.
G1