O novo Rei da Soja do Brasil

Com 141,79 sacas ou 8.507,4 quilos por hectares, Alisson Alceu Hilgenberg, de Ponta Grossa, foi o grande vencedor do Desafio Máximo de Produtividade da Soja.
Manejo e tecnologia impõem novo patamar produtivo. Recordes sucessivos colocam os Campos Gerais no topo da tecnologia.

Alisson Alceu Hilgenberg
Ele não planta milhares de hectares e nem colhe milhões de toneladas. Também não é nenhum Olacyr de Moraes ou então Blairo Maggi, conhecidos entre os maiores plantadores de soja do planeta. Na última semana, ele ficou conhecido não pela extensão da sua área ou volume de produção, mas pelo rendimento em milhares de quilos por hectares. Com 141,79 sacas ou 8.507,4 quilos por hectare, Alisson Alceu Hilgenberg, de Ponta Grossa (PR), nos Campos Gerais, foi o grande vencedor do Desafio Nacional de Máxima Produtividade da Soja no ciclo 2014/15 e se tornou o novo ‘rei da soja’ do concurso organizado pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB).
Um resultado surpreendente. Tudo bem que foi em um talhão monitorado, restrito a uma área de 5 hectares. A marca, no entanto, revela um outro potencial, que se estende pelos 600 hectares em que Alisson é responsável técnico e também proprietário ao lado do pai, Wilson Hilgenberg. Com certa frustração, ele conta que investiu em uma lavoura com potencial para 100 sacas – equivalente a 6 mil quilos. Mas que conseguiu, de média, colher apenas 90 sacas ou 5,4 mil quilos/ha. “Choveu durante 15 dias e faltou luz na fase de enchimento dos grãos”, justifica.
Esta é sua segunda participação no prêmio. Na primeira edição, no ciclo 2013/14, a área inscrita rendeu 109,5 sacas e a média da propriedade foi de 82 sacas/ha. Ele explica que a técnica que lhe deu o primeiro lugar no concurso vem sendo aprimorada ano a ano. O produtor lembra que, há sete anos, a produtividade média da fazenda era de pouco mais de 70 sacas/ha. Um rendimento médio excelente, numa composição de talhões que rendiam menos e outros que rendiam mais. Foi então que ele adquiriu uma colheitadeira com monitor de produtividade, equipamento que lhe permitiu mapear as áreas e identificar aquelas com maior rendimento.
Assim, da tecnologia ao manejo, Alisson diz que não apenas a área monitorada como toda a extensão cultivada resulta de vários fatores, como tratos culturais, semente, altitude, temperatura e fotoperíodo. “Alguns são favoráveis, outros nem tanto. Alguns a gente controla, outros não. O desafio está no equilíbrio”, relata o produtor, que é agrônomo formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Dois pontos, porém, são destaques na estratégia. A adubação orgânica, que substitui boa parte dos formulados minerais. E o plantio direto, técnica adotada há 30 anos pelo pai e que ele aprimorou na UEPG, referência no ensino dessa tecnologia de cultivo.
O segredo
De toda a adubação utilizada na fazenda, 90% são compostos orgânicos e 10% de origem mineral. Do fertilizante orgânico, 80% do volume é residual do plantio direto e apenas 20% é complementar, com adição de 10 t/ha. Segundo o produtor, a preocupação com a adubação orgânica é porque onde existe mais de 5% de matéria orgânica o solo responde melhor e produz mais. “A adubação orgânica é mais barata que a mineral e o plantio direto é ainda mais econômico que comprar esterco”, destaca Alisson, para reforçar a contribuição e o resultado complementar das opções de manejo.
Volnei Pauletti, professor da disciplina de Fertilidade de Solos e Nutrição de Plantas da Universidade Federal do Paraná (UPFR), explica que, do ponto de vista nutricional, o efeito do composto orgânico é o mesmo da adubação mineral. A diferença é que o adubo orgânico, seja ele adicionado ou residual da palhada do plantio direto, contribui para a estruturação do solo e estimula a biodiversidade. Fatores que, por consequência, melhoram a infiltração da água e evitam perdas de solo para a erosão, diz o professor. O efeito cumulativo, com o uso contínuo ao longo dos anos, também ajuda a manter e aumentar a presença de matéria orgânica.
FONTE: Giovani Ferreira, enviado especial