O momento é de reinventar a pecuária, afirma presidente do MNP
Sem perspectivas a curto prazo para maior lucratividade, o momento é de organizar a fazenda
O impacto da queda dos preços pagos pelos frigoríficos, estimulados pelo baixo consumo de carne bovina, tem causado uma onda de pressão sobre os pecuaristas. “Este é o momento em que a pecuária deve se reinventar, reestruturar, organizando a propriedade em busca de alternativas para lidar com o cenário, que não mudará a curto prazo”, afirma o presidente do Movimento Nacional dos Produtores (MNP), Rafael Nunes Gratão, ao sugerir a gestão da propriedade rural, tão adiada pelo produtores.
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A queda da arroba que se segundo dados do Cepea-ESALQ se aproxima dos R$ 7, desde novembro de 2016, exige condutas drásticas da porteira para dentro. “Para exemplificar as consequências do atual cenário na pecuária podemos citar uma propriedade que abate 1000 bois por ano. Os R$ 7 devalorizados nos últimos meses, em um boi de 20 arrobas significa R$ 140 a menos. Multiplicando, serão R$ 140 mil que deixarão de entrar no caixa desta fazenda. O valor equivale ao salário de 4,3 funcionários da fazenda, que individualmente, por ano, utiliza-se de cerca de R$ 32 mil”, calcula o representante dos pecuaristas.
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Outra preocupação gerada pelas consequentes baixas na pecuária é com o estoque de animais adquiridos a preços salgados no ano passado.O MNP indica que o produtor coloque na ponta da caneta todas as contas para avaliar a decisão se compensa manter este gado na propriedade, engordando, sem prazo determinado, para o abate. Ou se vale a adaptação à atual pecuária, adquirindo animais a baixo custo, tornando o ciclo mais dinâmico, mas com impacto ainda doloroso.
Segundo o dirigente não é interessante que os criadores vivam de expectativas, mas que aproveitem para se dedicarem às estratégias básicas, que nunca foram prioridades, e no final das contas, fazem a diferença. “Refiro-me à gestão da propriedade. Isso vai desde os investimentos em animais, em colaboradores, estrutura, mas também envolve a profissionalização do gerenciamento de dados. O pecuarista precisa saber onde está seu maior custo e se sua receita de fato os cobre, só assim conseguirá usufruir da lucratividade, quando o mercado voltar à ascensão”, detalha Gratão.
“É necessária a programação financeira, para que o pecuarista, assim como o agricultor, possa se utilizar de estratégias em momentos como este, em que a carcaça está em baixa, o boi está em queda, desestimulando nossos rendimentos, e abrindo brechas para que o consumidor opte por outras carnes, que não a bovina. Essa é a real preocupação”, pontua Gratão ao expor a necessidade do pecuarista se organizar, planilhar os números e se capitalizar.
Outra alternativa que o presidente do MNP indica é a união dos pecuaristas. “Após feito o trabalho de casa, o criador deve aprender a ser organizar e viver em grupos, que trabalhem pela qualidade e que saibam vender essa qualidade. Temos associações que se destacam nesse quesito, e que brigam por mercados que bonificam o animais melhores terminados. Àqueles que optarem pelo individualismo, sem organizar sua fazenda, sem oferecer qualidade aos frigoríficos, abrindo mão de bonificações, que no momento fazem toda a diferença, em breve poderá fechar as porteiras”.
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