Conta a lenda que Charles de Gaulle, o general estadista francês, disse certa vez que “O Brasil não é um país sério”. O homem tinha sensibilidade. Percebia cheiro de merda à distância! Também, com aquele nariz…
De Gaulle, muitos anos depois, virou nome de aeroporto em Paris, e o Brasil – pobre coitado – fez que foi, mas não foi; deu mole, e tomou o drible da vaca.
Palco de corrupção generalizada, de infortúnios e vergonhas mil, tomou de sete a um da Alemanha em pleno Mineirão, vexame testemunhado em tempo real por cerca de 428milhões de pessoas ao redor do planeta (incluindo aí os adoráveis argentinos). Na política, o país foi tomado por uma horda de esquerdopatas anacrônicos, que (pasme!) apoiaram Cuba, Venezuela e o Irã, na contramão dos países ocidentais desenvolvidos; teve um presidente vindo do Cabrobró da Serra que ofereceu a sua imensa sabedoria para intermediar a questão árabe-israelense e solucionar definitivamente o conflito histórico do Oriente Médio (ninguém levou a sério, pensaram que era piada).
Como desgraça pouca é bobagem, o país depois elegeu uma presidenta que posava de gaúcha séria (na campanha), mas no fundo, no fundo era uma mineira biruta (seria até engraçado, se não tivesse sido trágico para a nação: a tonta quebrou o país). Teve ainda a viagem Severina, a célebre peregrinação a Mombaça de um deputado do baixo clero, com seu séquito de anciãos de terno preto e cabelo acaju. Esse deputado fora eleito Presidente da Câmara por simples piada e protesto, assim como foram eleitos um dia o macaco Tião e aquele cabra abestado lá do Ceará.
Sem falar do outro presidente da Câmara que assaltou os cofres da República descarada e desmedidamente, e ainda riu e tirou sarro na cara do povo brasileiro (e dos seus próprios pares) por anos a fio, incólume e firme no posto. E o que dizer das hilárias votações abertas no Congresso em que o votante, estreando terno e penteado, declamava inflamado: “Pela minha mãezinha Jurema (que Deus a tenha) e pela minha tia Geraldina do Timbó, que me criou, irmã do meu pai Filogônio do Timbó, homem honesto e trabalhador do Vale do Brejo Seco, proprietário da surtida Bodega do Filó (aberta de domingo a domingo, inclusive aos feriados, das seis da manhã à meia-noite, sempre pronta a te servir), eu voto NÃO, Senhor Presidente!”.
E a Petrobras? E a compra das Olimpíadas? E os estádios superfaturados da Copa? E a merenda das crianças? E as balas perdidas? E os milhares de policiais mortos todos os anos? E a Vanusa cantando o Hino Nacional na Câmara Municipal de São Paulo?
É, o Brasil parece realmente não ser mesmo um país sério…
E o que falar do SUS? Do atendimento hospitalar à população mais pobre? E a tenebrosa evasão de cérebros, nossos cientistas indo embora ganhar um salário condizente? E o salário mínimo? E o salário dos professores? E o apartamento decorado com 51 milhões de reais? E o dinheiro na cueca, na mala???
Eu pergunto novamente: o Brasil é um país sério?
Estaria certo o francês gros nez?
Inconformado, patriota que sou, determinei não concordar com o prognóstico do abelhudo francês. Decidi observar a matéria por outro ângulo. Assim, comecei a enxergar coisa boa em nosso país. Não se trata de nenhum ataque de ufanismo piegas, mas realmente a nossa pátria idolatrada salve salve tem o seu lado bom, gente! O Brasil tem o seu lado sério sim. Alguém tem que falar sobre isso. Só meter o pau é muito fácil; mas olhar apenas de um lado é injusto!
Muita coisa está mudando para melhor na terra de Cabral…
Senão vejamos:
Na Operação Lava Jato, até agora (Abril/2018), foram expedidos 844 mandados de busca e apreensão (no Brasil e exterior), 210 mandados de condução coercitiva, 650 procedimentos de quebras de sigilo bancário e fiscal; foram instaurados 326 inquéritos policiais, 1.397 processos eletrônicos foram abertos, tivemos R$ 2.400.000.000,00 de bens bloqueados ou apreendidos nas operações, R$ 745.100.000,00 de dinheiro repatriado (isto é, voltando para o Brasil a partir de contas mandrake no exterior), e um total de valores analisados nas operações financeiras investigadas de R$ 12.500.000.000.000,00. É mole???
Realmente, algo novo está acontecendo na terra tupiniquim. Pessoas ricas e poderosas estão indo pra cadeia… Isso é inédito por aqui, e nos países civilizados se chama “JUSTIÇA”.
A cada dia, porém, descobre-se que há gente honesta e séria no país. Ou seja, nem tudo está perdido!
Além dos magistrados de honra e de coragem, temos outros grandes homens públicos e ainda uma classe de excelentes empresários da iniciativa privada. E temos o Tite, o Bernardinho e o Rodrigo Caio. Isso nos dá alguma esperança…
Olhando bem, o país tem altos médicos, profissionais de qualidade, referência em todo o mundo; arquitetos de primeira classe; estudantes sérios e comprometidos, que vencem concursos de matemática e robótica mundo afora; músicos e artistas de talento e de bom caráter; alguns políticos bons (poucos ainda, é verdade); mulheres atuantes, de destacada inteligência e beleza (tanto exterior, como interior); temos operários que fazem o seu trabalho com perfeição e orgulho; jornalistas éticos; advogados honestos, hábeis obreiros do complexo universo jurídico; comerciantes criativos e atuantes, que amam o que fazem. Mães, donas de casa, professoras cuidadosas e amorosas, que chegam a dar suas vidas para protegerem suas crianças (como fez Helley Abreu Batista recentemente, em Janaúba). Há também pessoas assalariadas que acham carteiras recheadas de dinheiro e, voluntariamente, as devolvem a seus proprietários…
Isso é o povo brasileiro, minha gente! A salvação da pátria é o nosso povo! Povo honrado, digno, batalhador, honesto, amável, inteligente, SÉRIO!!!
E aí, “seu” De Gaulle? Tá bom pra você???
Da próxima vez vá meter seu nariz no raio que o parta!!!
Fonte: Prof. Enauro Borges