Netflix planeja livros, quadrinhos e brinquedos baseados em sucessos
O maior serviço pago de vídeos do mundo está buscando contratar um executivo para gerenciar a concessão de licenças para livros, revistas em quadrinhos e brinquedos e para formar parcerias com empresas de varejo, segundo um anúncio de emprego postado no website da companhia. O Netflix também pediu aos seus parceiros uma fatia nos produtos de consumo feitos a partir de programas lançados pelo Netflix, mas de propriedade de outros estúdios de TV, segundo pessoas com conhecimento das negociações, que pediram anonimato por discutirem assuntos privados.
As mercadorias ajudarão a vender programas de sucesso para uma audiência mais ampla — e a gerar uma receita adicional. O Netflix já realizou um teste com a empresa Hot Topic, que vendeu camisetas, canecas, bonés e joias ligadas ao sucesso de ficção científica “Stranger Things”. A companhia ainda está em uma fase experimental, segundo uma porta-voz do Netflix.
“Estamos apostando em produtos de consumo e em promoção associada porque acreditamos que isso gerará uma exposição significativa para os programas, com formas mais tangíveis e selecionadas de interagir com nosso conteúdo mais popular”, afirmou o Netflix na postagem. “Queremos mercadorias licenciadas para ajudar a promover nossos títulos, para que eles se tornem parte do zeitgeist por longos períodos tempo.”
Empresa de mídia
Os produtos e mercadorias de consumo são o exemplo mais recente da evolução do Netflix, que passou da condição de empresa de tecnologia que vende programação de terceiros para a de uma empresa de mídia que produz, possui e licencia propriedade intelectual.
Apesar de todo o barulho em torno de “House of Cards” e “Orange Is the New Black”, esses sucessos foram produzidos por outros estúdios. Já “Stranger Things” foi feito internamente. O Netflix, que tem sede em Los Gatos, Califórnia, EUA, atualmente produz alguns programas de TV sem a ajuda de outros estúdios. A companhia acaba de se mudar para uma nova instalação em Hollywood com palcos sonoros para produção.
Transformar programas e personagens em jogos de tabuleiro, mochilas e parques temáticos é o próximo passo mais lógico. A Walt Disney dominou a arte de tomar um elemento de propriedade intelectual, como um personagem de filme, e transformá-lo em todos os tipos de novos negócios. A unidade de consumo da Disney registrou receita de US$ 1,5 bilhão no último trimestre.
O Netflix ainda não tem aspirações da dimensão da Disney — acaba de colocar os pés no mercado. O diretor de conteúdo da empresa, Ted Sarandos, minimizou as ambições da empresa nos ramos de brinquedos e produtos de consumo quando indagado a respeito, no ano passado.
“Não queremos fazer programas para vender brinquedos”, disse Sarandos na ocasião. “O que é realmente importante é que há um componente de marketing que vem com” brinquedos, disse ele. “Crianças carregando mochilas vendem os programas.”