Não sabemos o que o zika vai fazer, é cheio de truques, diz diretora da OMS
Chan disse que o momento é de “solidariedade” e evitou críticas ao Brasil
A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, e a diretora da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) e da regional da OMS paras as Américas, Carissa Etienne, visitaram nesta quarta-feira (24) o Instituto Materno Infantil, um dos primeiros locais a ser credenciado para atender a crianças com microcefalia em Pernambuco, Estado com o maior número de casos de má-formação: 209 dos 583 confirmados no país.
Durante a visita, ela disse que este é “um momento de solidariedade” e evitou fazer críticas ao governo brasileiro. “Nós estamos lidando com um inimigo formidável, que é o mosquito Aedes, e com um vírus, que não sabemos o que ele vai fazer, é cheio de truques”, disse Margaret Chan.
Segundo ela, não há uma solução rápida, mas o país pode liderar o combate ao mosquito nas Américas. “O Brasil erradicou o mosquito na década de 50 e 60, aí eu pergunto: vocês têm força a determinação de fazer isso de novo? Não é fácil, mas tem de ser feito”, completou.
O secretário estadual de Saúde, Iran Costa, que acompanhou a visita, disse que o Estado espera que a credibilidade da OMS e da Opas aproxime os institutos internacionais, para que haja uma cooperação científica. “Estamos buscando novas tecnologias para lidar com a epidemia”, disse.
Chan chegou ao Brasil ontem (23) e foi recebida pela presidenta Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, em Brasília. Ela participou de reuniões com o ministro da Saúde, Marcelo Castro, e outros ministérios envolvidos no combate à epidemia. À tarde, ela visita a Fiocruz, no Rio.
Missões similares da cúpula da entidade aconteceram apenas na África, durante o surto de ebola. A OMS quer entender o que está sendo feito no combate ao Aedes para ajudar a preencher as lacunas da operação no Brasil, inclusive com pedidos à comunidade internacional de doações.
Após os encontros em Brasília, Chan disse estar bem impressionada com as ações para mobilizar a sociedade civil, setores religiosos e empresariado. “Nunca tinha visto uma liderança atacar o problema com tamanha velocidade e seriedade”, falou.
Ela ressaltou que a zika desatou um alerta global, mas acredita que a resposta do Brasil deve garantir o sucesso dos Jogos Olímpicos no Rio. (Com Estadão Conteúdo e agências internacionais)