Prendendo o ladrão errado
Nilson Silva
Noite de terça-feira, tudo dentro da perfeita normalidade na cidade fronteiriça. Naquele dia, a equipe de serviço da Polícia Militar tinha feito a escolta de dois detentos até o Fórum local, atendido um acidente de trânsito, apreendido um menor com certa quantia de maconha, prendido um “machão” que tinha agredido a esposa e naquele momento, realizava patrulhamento ostensivo em um bairro periférico.
O rádio-operador, policial responsável pelo atendimento ao público, recebeu uma ligação feita ao telefone 190 e em seguida através do rádio comunicador, avisou aos colegas que estavam na viatura de que no Terminal Rodoviário da cidade, acabará de ocorrer um roubo, praticado por um jovem e tendo como vítima um idoso.
Quando já estavam nas proximidades do local do crime, os militares perceberam que um ex-presidiário sai em desabalada carreira. De imediato, inicia-se o monitoramento tático, e após algumas quadras, o suspeito tenta se esconder atrás de um poste.
Ao ser localizado e perceber que sua fuga chegará ao fim, o meliante se agarra com toda força ao pilar de cimento, na tentativa de impedir a prisão. Determinado a encaminhar o rapaz até a presença da vítima para que seja realizado o reconhecimento, um dos soldados aplica no suspeito um golpe de arte marcial conhecido como “mata-leão”, que nada mais é do que uma forma de estrangulamento.
Eis que para a surpresa geral, o suposto ladrão, que não queria largar o poste, não consegue segurar seus impulsos e acaba defecando na roupa. Isso mesmo, como o sistema digestivo já tinha feito sua parte na tarefa de processar os alimentos, a sobra já estava pronta para ser excretada.
Com a cueca cheia de fezes, ele foi posto na viatura e encaminhado até a Rodoviária, onde o cidadão vítima do crime disse que quem havia lhe roubado era um “buguinho” (jovem com traços indígenas) e não um “alemão”, já que o rapaz capturado era loiro.
Diante disso, o rapaz foi de imediato liberado. O ex-detento, que colecionava passagens policiais pelos crimes de tráfico de drogas e roubos, quando questionado pelos policiais o que teria motivado sua fuga, já que ele estava “limpo”, justificou dizendo que já havia sido preso tantas vezes, que estava complexado e que quando via a Polícia, só pensava em correr.
Ele então pediu ao comandante da equipe que lhe desse uma carona até a sua residência, pois naquela situação seria complicado andar. O Militar lhe disse que não seria possível, visto que Polícia tinha que dar continuidade à missão de localizar o tal Buguinho, que seria o verdadeiro autor do fato delituoso.
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