Morre em Dourados o radialista Gilberto Orlando

O radialista Gilberto Orlando Daquinto faleceu no início da madrugada desta sexta-feira (24) em um hospital de Dourados depois de passar mal em sua residência. Ele sofreu um infarto e tinha 73 anos.

Era casado com Ivone Cardoso Pires Daquinto, tinha 5 filhos, 11 netos e 2 bisnetos.

O corpo será velado na capela da Avenida Hayel Bon Faker, 1842, esquina com a Rua Palmeiras em horário reduzido em virtude da pandemia do coronavírus: das11h às 13 horas.

O sepultamento será no Cemitério Santo Antônio de Pádua, na Avenida Coronel Ponciano, em Dourados.

Em 20 de dezembro de 2018, Gilberto Orlando foi um dos enfocados no especial de 50 anos da Folha de Dourados sobre a história da imprensa douradense.

No suplemento impresso que reuniu boa parte da história dos veículos e profissionais de imprensa num único documento, Gilberto Orlando escreveu o seguinte:

Gilberto Orlando, radialista por vocação

O início de minha carreira foi na cidade de Presidente Prudente, aos 15 anos quando já possuía o timbre de voz requisitado naquela época pelas rádios AM. Com apenas 6 meses como estagiário já estava no ar com plantão esportivo e participando de radiofonizações de casos policiais (novelinhas de algum fato interessante). Daí para locutor substituto de programas musicais foi um pulo.

Fui apresentador de programas jovens como um dos mais famosos da época “Só para Brotos”, tive a oportunidade de ter contato muito próximo com alguns cantores da “jovem guarda” como Os Incríveis e Renato e seus Blue Caps, com quem joguei futebol de salão na década de 60. Também estive com Ronnie Von, Trio Esperança, Vanusa, Roberto Luna e outros da velha guarda.

RÁDIOS PELO BRASIL

Num período onde o timbre de voz era o essencial e não existiam FMs , pois a primeira emissora de rádio FM no Brasil, a ‘Rádio Imprensa’, foi fundada em 1955 e ainda não possuía emissoras no interior do Brasil e já havia passado pelas 4 emissoras da cidade, saí à procura de mais experiência por algumas cidades e continuar meu aprendizado que havia se iniciado há 2 anos. Fiz testes na capital de São Paulo, na extinta Rádio Marconi mas não tive coragem de me transferir para a capital paulista, em virtude do regime militar e pouco tempo depois a emissora foi fechada pela revolução.

Os antigos ouvintes de rádio devem se lembrar de alguns nomes com quem tive a oportunidade de trabalhar. A emissora que iniciei em Presidente Prudente, teve a passagem de Joseval Peixoto que durante muito tempo esteve no SBT. Os irmãos Flávio Araújo (locutor esportivo) e Francisco Araújo (repórter) que durante muito tempo trabalharam na Rádio Bandeirantes de São Paulo, foram meus patrões na cidade de Regente e Luiz Aguiar um dos mais famosos apresentadores da capital paulista, conheci pessoalmente em Ribeirão Preto.

Passei um dia inteiro conhecendo e vendo como funcionava o Studio de Notícias da Rádio Difusora de São Paulo à convite do amigo Celso Aarão. Talvez em virtude disso, alguns anos depois já em Dourados, fui convidado para ser o locutor que entrava todas as noites aqui de Dourados no jornal CHECK UP 1000 da emissora paulista, informando as notícias da segunda maior cidade do estado.

Voltando na minha fase da busca pelo profissionalismo que estava no sangue, passei por algumas cidades pequenas para ir realmente entendendo o que era fazer a rádio longe da cidade onde havia começado, e só depois de mais ou menos 2 ou 3 anos fui para maiores centros sempre à convite, como Ribeirão Preto, Londrina, Cuiabá até quando um dia fui convidado a conhecer para Dourados.

A VINDA PARA DOURADOS

Em janeiro de 1971 eu estreava na rádio Clube de Dourados à convite de Jorge Antônio Salomão. Desde da minha chegada aqui sempre tinha a vontade de formar mais profissionais do microfone e cheguei a realizar testes com mais de 200 jovens entre moças e rapazes, que na época queriam entrar para o rádio. Tive sorte de marcar minha vida com vários deles que continuam por aqui e outros se profissionalizaram e partiram para outros estados e cidades.

Fiz vários programas marcantes na emissora: Entardecer no Sertão, que através do prestígio desse programa eu fazia shows em circos e salões. Rádio Matraca, criei o programa Dourados Terra Gente e procurava imitar no palavreado do Brasil Terra da Gente da rádio Nacional do Rio de Janeiro. Também fui um dos pioneiros a manter um programa chamado Viola de Ouro, na Rádio Dourados que funcionava somente em OT na faixa de 90 metros, com audiência somente a longa distância com melhor qualidade. Hoje ela não funciona mais.

Cheguei a realizar um programa Cultural aos domingos com prêmios para alunos dos colégios da cidade, que participavam pelo telefone respondendo perguntas sobre matérias que eles mesmos escolhiam em uma reunião anterior à apresentação. Tenho até hoje muito material desse programa, que esperei um dia poder reeditá-lo, mas meu tempo venceu e não consegui (rs). Também me marcou muito a minha vida no rádio douradense, foi o programa “Calouros em Desfile” onde eu tentava fazer funcionar, tudo aquilo que eu via nos programa de Televisão do Bolinha, Chacrinha e Silvio Santos, com bailarinas e tudo.

A partir de Dourados trabalhei na rádio Ponta Porã e como gerente na Rádio Alvorada de Itaporã e FM Jovem Pan em Corumbá, as 3 do grande e saudoso amigo Jorge Roberto Salomão. Quando voltei de Corumbá fui o primeiro locutor a apresentar “Música Sertaneja” na FM Terra, do amigo Valdir Guerra.

Hoje me recordo com certa tristeza que não cheguei a trabalhar na Rádio Caiuás e nem na Grande FM.

“Ter uma rádio própria, era o meu sonho”

Em 1999 adquiri em uma emissora na cidade de Glória de Dourados, em parceria com o amigo Vitor Cales, na época proprietário também do jornal Diário MS. Pouco tempo depois chegamos à conclusão que não tínhamos feito um bom negócio e a vendemos. Final dos dias militando na imprensa foram os 10 anos dedicados com gerente de circulação do Jornal Diário MS quando me aposentei em 2013. (Gilberto Orlando)Odir Pedroso, Gilberto Orlando, Silva Junior e Joel Narciso na confraternização dos 50 anos da Folha de Dourados Gilberto Orlando, João Pires e Silva Junior Gilberto Orlando, Odir Pedroso, Joel Narciso e Silva Junior Isaac de Barros (in memoriam) Gilberto Orlando e Hamilton Dauzacker da Silva Gilberto Orlando entrevistando Mané Garricha

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