Menino torturado por tios em rituais teve o braço quebrado e ‘sarou em casa’

Avó admitiu rituais, mas disse que só pratica ‘magia branca’
A avó materna do menino de 4 anos, vítima de tortura pelos tios em supostos rituais de ‘magia negra’, prestou depoimento à polícia na quarta-feira (24) e negou envolvimento nas agressões. Além da avó, as duas primas que moravam com o garoto também foram ouvidas na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).
Segundo o delegado Paulo Sérgio Lauretto, titular da Depca, a avó negou qualquer participação nas torturas, mas contou que já teve envolvimento com rituais de ‘magia branca’, que segundo ela eram para o bem e não tinham sessões de tortura ou agressão. A avó do menino, torturado pelos tios, ainda contou ao delegado que há muito tempo não praticava mais os rituais e também não sabia que a filha estava agredindo o sobrinho.
Conforme o delegado Lauretto, a avó materna deve continuar sendo investigada e, ao fim do inquérito policial, será decidido se ela deve ou não ser indiciada. As duas primas do garoto de 4 anos, que moravam com ele, também foram ouvidas pela polícia e contaram que não assistiam aos rituais e nem presenciaram qualquer agressão.
De acordo com as meninas, elas viam o primo machucado, mas a mãe delas sempre dava alguma desculpa, dizendo que o garoto havia se queimado com comida quente, ou caído da cama. Em certa ocasião, as crianças viram o menino com o nariz sangrando e a mulher disse apenas que ele havia acordado no meio da noite e batido com o rosto na parede, quebrando o nariz.
Celulares investigados
Dois aparelhos celulares foram apreendidos pela polícia, o de uma das primas do menino e o da tia. Segundo Lauretto, fotos da criança foram encontradas, mas até agora nada que comprometa a família. De acordo com a polícia, não há imagens da criança machucada ou sendo torturada nos celulares, mas os aparelhos devem ser analisados pela Perícia.
Agressões antigas
O menino de 4 anos foi encaminhado para a Santa Casa na noite de terça-feira (23) e, além de receber tratamento médico, passa por exames para que seja constatado desde quando as agressões começaram. Segundo a polícia, o médico legista encontrou ferimentos que podem ter sido provocados há aproximadamente 4 meses.
Além disso, o delegado Lauretto contou ao Jornal Midiamax que, quando os investigadores da delegacia foram até o hospital para verem a criança, notaram que ele teve um braço quebrado e que se recuperou em casa, sem passar por exames médicos, fazendo com que o braço ficasse torto.
De acordo com a polícia, os vizinhos, que supostamente ouviam os choros da criança, não devem responder por omissão de socorro, mas o caso segue em investigação.
Terceiro envolvido
Na quarta-feira (24), foi preso Giovani da Silva Ortiz, de 18 anos, também envolvido nas agressões contra a criança de 4 anos. Ele foi ouvido informalmente e alegou para a polícia que não lembrava das agressões, porque a entidade o ‘incorporava’ durante os rituais. O rapaz já teve prisão preventiva decretada e dará depoimento na Depca nesta quinta-feira (25).
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