Maior estiagem não é sinônimo de mais crise hídrica, afirmam especialistasEsta foi a principal conclusão do debate Planeta Água, promovido pela Fundação Banco do Brasil, nesta sexta-feira (16)Pedro Rafael Vilela, da Agência Brasil
As mudanças climáticas em curso no planeta devem alterar de forma significativa a frequência de chuvas e impactar nos sistemas de abastecimento de água, mas o acesso da população a esse bem fundamental vai depender de como a sociedade desenvolve suas políticas públicas para o setor. Esta foi a principal conclusão do debate Planeta Água, promovido pela Fundação Banco do Brasil, nesta sexta-feira (16).
O debate é parte da programação da mostra de cinema Planeta Água, que exibe até domingo (18) uma série de filmes que traçam um painel do pensamento mundial sobre a situação da água. O evento também antecipa os temas que estarão em discussão no 8º Fórum Mundial da Água, que começa domingo e vai até o dia 23 deste mês.
Para discutir o assunto, foram convidados o ambientalista Sérgio Basserman, membro do Conselho Diretor da WWF Brasil e atual presidente do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico, o filósofo Naidisson de Quintella Baptista, coordenador nacional da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), e Joaquim Gondim, especialista em Recursos Hídricos e superintendente de Operações e Eventos da Agência Nacional das Águas (ANA).
“Todos os estudos relacionados às mudanças climáticas vão na direção de dizer que as secas serão mais frequentes e intensas, e as enchentes também mais frequentes e intensas. A estiagem, portanto, vai continuar existindo. A transformação dessa seca em uma crise é que depende de como a sociedade vai enfrentar esses extremos”, disse Joaquim Gondim.
Para Gondim, será preciso garantir que o planejamento seja cumprido. “Tem que ter mais resiliência. Se tiver uma previsão de construir uma nova estação de tratamento, ou trazer um manancial, e isso não for feito, ficaremos mais vulneráveis”, acrescenta.
Segundo Sérgio Besserman, do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico, do Rio de Janeiro, o aumento da temperatura da Terra vai deslocar as chuvas, que não cairão mais nos mesmos lugares. “Nesses outros lugares as chuvas não serão recolhidas com a mesma eficiência para os reservatórios e rios que abastecem a população”, observou.
Frente a essa circunstância, o ambientalista propõe ênfase na melhoria do saneamento básico das cidades. “Temos que começar a pensar em tratar a água e reutilizá-la para agricultura, para lavagem nas cidades, para diversos outros usos. Em algumas estações de tratamento de vanguarda no mundo, a água, depois de tratada, é mais limpa e saudável do que a água distribuída para as pessoas. Por quê não tratar a água de esgoto e reabastecer os aquíferos com ela?”, propõe Besserman, ao lembrar que saneamento básico ainda traz outras “externalidades” positivas, como a melhoria da saúde da população em geral, que gera economia de recursos públicos.
O Fórum – O 8º Fórum Mundial da Água é organizado no Brasil pelo Conselho Mundial da Água, pelo Ministério do Meio Ambiente, representado pela Agência Nacional de Águas (ANA), e pelo governo do Distrito Federal, representado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal
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