Mãe e mais dois são presos suspeitos de forçar adolescente a abortar e enterrar feto
A mãe da adolescente de 17 anos, supostamente coagida a fazer um aborto aos cinco meses de gravidez em março deste ano e enterrar o feto no quintal, foi presa nesta manhã (16). A mulher, um amigo dela e uma enfermeira, foram detidos temporariamente durante a Operação Herodes, deflagrada por policiais da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude) e da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico).
Conforme apurado pela reportagem, a enfermeira seria funcionária da Santa Casa e teria fornecido o remédio para a mãe da adolescente. O amigo da mulher também teria ajudado no procedimento, enquanto ela seria mentora do crime. De acordo com a delegada Aline Sinotti, as investigações teriam constatado que a jovem foi obrigada a retirar o bebê.
Segundo informações preliminares, a operação contra o aborto clandestino na Capital é um desdobramento das investigações do procedimento feito por uma adolescente de 17 anos no dia 14 de março, no Bairro Guanandi e cumprimento a uma determinação da 1ª Vara do Tribunal do Júri.
Além das três prisões temporárias, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensões em endereços da cidade em busca de medicamentos abortivos. Computadores e celulares foram recolhidos pela polícia, que agora ouve os envolvidos na sede da Deaij. Os detalhes do caso e as apreensões ainda não foram divulgados e dever ser repassar durante uma coletiva de imprensa nesta tarde.
Entenda
O caso foi descoberto depois que a própria adolescente entrou em contato com o namorado, de 26 anos, contando que havia abordado a filha deles. Ele então denunciou o aborto à polícia, que foi até o endereço e descobriu o local onde o feto havia sido enterrado, no quintal de casa, ao lado de uma flor e um terço.
Em um primeiro momento, o rapaz afirmou que a namorada havia sido obrigada pela mãe a abortar. Na história contada pela família do jovem, a mãe da adolescente teria viajado até o Paraguaio para comprar remédios abortivos, identificado como Cytotec, forçado a filha a ingerir os medicamentos e contratado um enfermeiro para fazer a retirada do feto.
No entanto, na delegacia, em frente à namorada, o rapaz acabou confirmando a versão dela sobre os fatos. Tanto para a Polícia Militar, quanto em depoimento para o delegado responsável pelo caso, a menina reafirmou que passou dois dias sem se alimentar, tomando apenas chá de ‘buchina-do-norte’, conhecido como um abortivo caseiro. Ela teve contrações e chegou a passar mal, até que sofreu o aborto. Depois enterrou a filha.
No dia em que o crime foi descoberto, a namorado da adolescente chegou a entregar a polícia áudios em que a sogra avisava que forçaria a filha a fazer o aborto. Em depoimento a advogada explicou que a conversa teria sido gravada há cerca de quatro meses, quando a jovem realizava um tratamento para acne com isotretinoína, o popular Roacutan, medicamento que não deve ser usado por grávidas. À época, a moça já estava grávida, mas como a mãe não sabia decidiu “testá-la”.
Ainda assim, o namorado da menina afirmou que a sogra havia feitos várias ameaças via celular, mas que as mensagens teriam sido apagadas. O aparelho dele foi recolhido pela equipe de Deaij e enviado para a perícia, que recuperou as conversas.
No dia 16 de março, a polícia voltou a casa da adolescente. Junto com a perícia e o advogado da família, as equipes refizeram passo a passo dos acontecimentos narrados pela jovem.