O maior valor de avaliação é da fazenda Água da Mata, que fica no Paraná e foi confiscada de megatraficante.
A Justiça Federal leiloa amanhã (dia 27) fazenda, avião e veículo apreendidos de traficantes e na operação Lama Asfáltica. Em segunda praça, a 3ª Vara da Justiça Federal, especializada em combate ao crime de lavagem de dinheiro, leiloa quatro lotes que totalizam R$ 5,9 milhões.
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No papel, a propriedade rural pertence a Valdair Elemar Camargo, mas investigações mostraram que ele era “testa de ferro” do megatraficante Luiz Carlos da Rocha, mais conhecido como “Cabeça Branca”.
Conforme o edital, a fazenda tem 196,82 hectares, com casas, piscina, barracões e represas. Segundo o documento, ela foi invadida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). O local já foi à leilão outras vezes, mas sem interessados. Calcula-se que o traficante tenha patrimônio de R$ 100 milhões, cifra resultante da carreira de 30 anos como fornecedor de cocaína.
Cabeça Branca foi preso pela Operação Spectrum, da PF (Polícia Federal), em Sorriso (MT), onde vivia com identidade falsa e com o rosto modificado por cirurgias plásticas. O flagrante foi em primeiro de julho deste ano.
O lote dois oferta uma picape Fiat Strada, avaliada em R$ 10.500. A Justiça também leiloa um monomotor Cessna Aircraft, com capacidade para quatro pessoas e avaliado em R$ 183 mil. A aeronave foi apreendida de Vanderlei Eurames.
A lista do leilão ainda inclui um Peugeot 208, avaliado em R$ 35 mil. O veículo – com bancos de couro e 19.400 quilômetros rodados – foi apreendido de Elza Cristina Araújo dos Santos, um dos alvos da operação Lama Asfáltica, realizada desde 2015 pela PF. Ela era sócia e secretária do dono da Proteco Construções.
A primeira etapa do leilão foi realizada em 18 de outubro. Amanhã, o certame começa às 9h, na Justiça Federal, localizada na rua delegado Carlos Roberto Bastos de Oliveira, 128, Parque dos Poderes, em Campo Grande. Os lances também podem ser dados por meio do www.mariafixerleiloes.com.br
Bens do tráfico – Localizada na estrada PR-445, entre os municípios de Primeiro de Maio e Bela Vista do Paraíso, região metropolitana de Londrina, a fazenda foi sequestrada por determinação da Justiça Federal em Ponta Porã em 2004.
Voltada à criação de gado e cultivo de café, a fazenda tem quatro casas – a sede, a residência do gerente e duas destinadas aos funcionários. Aparecia como pertencente a Valdair Elemar Camargo, mas as investigações mostraram que ele era “testa de ferro” de Cabeça Branca.
Desde 2013 a fazenda vem sendo ocupada por trabalhadores sem-terra. Inicialmente, famílias ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram o local e foram despejadas pela Polícia Militar paranaense.
Desde o final do ano passado, a fazenda é ocupada por sem-terra ligados à Contag (Confederação da Agricultura Familiar), que reivindicam a destinação das terras para a reforma agrária.
Tentou impedir leilão – Em maio deste ano a defesa de Luiz Carlos da Rocha tentou liberar a fazenda da lista de patrimônio confiscado pela 3ª Vara de Campo Grande através de um mandado de segurança impetrado no TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, em São Paulo.
No recurso, o advogado de Cabeça Branca alegou que não havia provas de que a fazenda Água da Mata tenha sido utilizada para a prática de tráfico de drogas, nem que tenha servido para estrutura da suposta organização ou que tenha sido objeto de lavagem de dinheiro.
Também alegou que o imóvel foi adquirido em outubro de 2001, antes do início da investigação policial. Cabeça Branca passou a ser réu por tráfico internacional após a Polícia Federal apreender dois carregamentos, de 488 e 492 quilos de cocaína, em 2003 e 2004, respectivamente.
No dia 12 de maio, o desembargador Nino Toldo, do TRF, negou o recurso de Cabeça Branca e manteve o confisco da fazenda e a datas do leilão, que não ocorreu por falta de interessados.
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