O Itamaraty confirmou que foi notificado pela emissora brasileira, e não pelo governo venezuelano~
Os jornalistas Leandro Stoliar e Gilson Souza, da Rede Record, que investigavam as denúncias de suborno por parte da construtora Odebrecht na Venezuela, foram detidos neste sábado (11) pelo Serviço de Inteligência venezuelano no estado Zulia, no norte do país – denunciou a ONG Transparência Venezuela. O Itamaraty confirmou as prisões, e afirmou que a missão diplomática brasileira na Venezuela já está envolvida no caso para assegurar a soltura dos profissionais brasileiros.
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“A comissão do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) os deteve e os acompanhou até sua sede em Maracaibo para ter uma entrevista. Ao chegar, tiraram seus telefones celulares. A Transparência Venezuela exige sua libertação”, declarou a ONG em um comunicado.
Também foram detidos os ativistas José Urbina e María Jose Túa, coordenadores na cidade de Maracaibo da ONG Transparência Venezuela, que os acompanhavam. Os quatro estavam gravando imagens da chamada ponte de Nigale, uma estrutura prometida em 2005 pelo então presidente Hugo Chávez, morto em 2013, e até hoje não concluída. Ela seria uma segunda opção para passagem de veículos sobre o Lago de Maracaibo.
O Itamaraty confirmou que foi notificado pela emissora brasileira, e não pelo governo venezuelano. Procurada, a assessoria de imprensa da Record confirmou as prisões e disse que desconhece o motivo pelo qual os profissionais foram detidos no país vizinho. A emissora diz ainda que perdeu o contato com os jornalistas e que advogados também acompanham o caso.
Em nota, a Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) diz que todo o material jornalístico produzido pela equipe de reportagem da Record foi apreendido. A entidade ainda classifica a ação do governo venezuelano como algo digno de “regimes ditatoriais que não aceitam o livre exercício da imprensa e temem a verdade.”
O secretário-geral do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP), Marco Ruiz, disse que funcionários do Sebin ordenaram que os quatro jornalistas se dirigissem, escoltados, até a sede do órgão no estado para uma “entrevista”. “Eles mandaram os jornalistas irem em seu próprio carro, depois comunicaram que iriam rumo ao Sebin e retiraram os celulares deles. Eles não têm advogados”, disse o sindicalista, explicando que os brasileiros chegaram ao país na última quarta-feira.
Propina paga pela construtora brasileira A Venezuela também foi citada nos pagamentos de propina feitos pela Odebrecht e revelados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos. No acordo firmado com a Justiça americana, a construtora brasileira disse ter pago US$ 98 milhões a funcionários e intermediários do governo entre 2006 e 2015.
Segundo declaração do ex-presidente da companhia Marcelo Odebrecht, atualmente preso, a Venezuela é o segundo país da América Latina –fica atrás apenas do Brasil.
Na semana passada, o Parlamento aprovou a investigação do caso da Odebrecht, em um debate que contou com a presença de legisladores da bancada governista. A Comissão da Controladoria convocou os representantes legais da empreiteira brasileira na Venezuela para prestar esclarecimentos.
Em 26 de janeiro, o Ministério Público confirmou que pediu informações sobre o caso ao MP do Brasil e solicitou ordem de captura internacional contra uma pessoa não identificada, que estaria ligada ao escândalo.
Na semana passada, o presidente Nicolás Maduro se comprometeu a concluir as obras da construtora no país.APF
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