“Já que sou imbecil avisem o ‘LULA’, vou lembrar dele na delação premiada” disse Delcídio na PF

“Já que sou imbecil avisem o ‘LULA’, vou lembrar dele na delação premiada” disse Delcídio na PF
As informações foram prestadas pelo advogado de Delcídio, Maurício Silva Leite.
Delcídio foi preso depois que Bernardo entregou à Procuradoria-Geral da República a gravação de uma conversa na qual o parlamentar discute influência política sobre ministros do STF para tentar libertar Cerveró e um plano de fuga para o Paraguai e Europa.
Segundo relatou também que Delcídio ficou decepcionado ao saber que LULA teria o chamado de imbecil e que o ex-líder do PT do Senado pediu para avisar o ex-presidente em uma possível delação premiada seu nome seria lembrado, que de imbecil ele não tem nada, disse chateado e irritado Delcídio na sede da PF.
O ex-diretor da Petrobras está preso na carceragem da Polícia Federal de Curitiba (PR) e fechou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal no qual fez acusações contra Delcídio.
A conversa entre o filho de Cerveró, um advogado dele, Edson Ribeiro, e Delcídio ocorreu no início de novembro, no momento em que a delação estava sendo negociada com o Ministério Público.
No depoimento à PF, que durou cerca de quatro horas e foi prestado a dois procuradores da República e um delegado federal na Superintendência da PF em Brasília, o parlamentar disse que foi procurado pelo filho de Cerveró para que “intercedesse” em habeas corpus impetrados em tribunais superiores em favor de seu pai.
Delcídio disse que anotou os pedidos e prometeu “encaminhá-los”, mas afirmou que “jamais” discutiu com ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) o andamento dos processos relativos a Cerveró.
Delcídio disse que nos últimos anos manteve reuniões apenas “institucionais” com ministros do STF e “ultimamente” e “nos últimos meses” não se reuniu com nenhum dos ministros citados na gravação, Teori Zavascki, Dias Toffoli e Gilmar Mendes.
O senador está preso numa sala administrativa do prédio desde a manhã de quarta-feira (25), quando foi levado de um hotel de Brasília por ordem do ministro do STF Teori Zavascki, a pedido da Procuradoria.
NOVOS DEPOIMENTOS
De acordo com o advogado de Delcídio, poderão ocorrer novos depoimentos nos próximos dias, pois alguns temas tratados na gravação feita por Bernardo não foram objeto de perguntas no primeiro depoimento, como o suposto oferecimento de uma mesada de R$ 50 mil para que Cerveró não fizesse a delação premiada com a Procuradoria ou o próprio suposto plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras.
Segundo o advogado, o parlamentar “está muito chateado, mas muito serenamente aguardando a reversão da decisão” do STF que o levou à prisão. A ordem dada por Zavascki foi confirmada pelos outros quatro ministros da segunda turma do STF. Para o defensor, o primeiro depoimento dado por Delcídio foi “muito esclarecedor”.
“O senador disse que [a reunião] foi um pedido que o advogado e o filho do Cerveró fizeram para ele e ele disse que iria encaminhar o assunto, que ia interceder sim, e ele explicou que era uma questão humanitária, que era dar uma palavra de conforto e esperança, e que iria fazer isso para diminuir a dor, o sofrimento, talvez. Ele mencionou que conhecia a família [de anos antes]”, disse o advogado Maurício Silva Leite.
Segundo os investigadores, Delcídio temia uma delação premiada de Cerveró porque outro delator, o lobista Fernando Soares, o Baiano, havia dito que fora orientado por Cerveró a pagar entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão ao senador para quitar dívidas da campanha eleitoral de Delcídio de 2006. Os pagamentos foram feitos, segundo Baiano, por meio de um “amigo de infância” do senador

FUGA FRUSTRADA
Conversa gravada por filho de Cerveró expôs plano que levou senador petista e banqueiro à cadeia
O MOTIVO DAS PRISÕES
Delcídio do Amaral, senador do PT-MS Tentativa de influenciar ministros do Supremo Tribunal Federal para que eles libertassem o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró
Prisão preventiva(sem prazo definido)
André Esteves, dono do banco BTG Pactual Obteve documento sigiloso sobre negociação da delação premiada de Cerveró com o Ministério Público
Prisão temporária (até 10 dias)
AGRAVANTE COMUM
Planejaram e prometeram financiar uma fuga para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró caso este não delatasse a participação do senador e do banqueiro, no esquema de corrupção da Petrobras, ao Ministério Público