Apesar de ostentar riqueza, os integrantes do grupo não tinham emprego ou atividade lícita
Luana Rodrigues
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Dinheiro e drogas apreendidos durante as investigações. (Foto: Divulgação/ PF)
Dinheiro e drogas apreendidos durante as investigações. (Foto: Divulgação/ PF)
A operação Bandeirante, desencadeada pela PF (Polícia Federal) na manhã desta quinta-feira (17), em Mato Grosso do Sul e São Paulo, prendeu 13 suspeitos de integrarem uma organização criminosa responsável por tráfico internacional de drogas, entre eles, dois que seriam chefes da quadrilha. Outras seis pessoas continuam foragidas e devem ser inseridas na lista da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal).
Dos 19 mandados de prisão temporária, nove foram cumpridos em Corumbá, dois em Campo Grande e outros dois em São Paulo. Também houve o cumprimento de dois mandados de condução coercitiva, que é quando os suspeitos são levados para depor na delegacia. A Polícia Federal não divulgou a identificação de nenhum dos envolvidos.
Entre os seis que ainda estão foragidos, dois são de Corumbá, um de Campo Grande e outro de São Paulo, além de um casal de bolivianos. Os nomes dos fugitivos também não foi revelado pelos policiais.
“Vai ser pedida a inserção desses indivíduos na Interpol com a possibilidade do mandado ser cumprido na Bolívia e atuando em conjunto com a Polícia Boliviana buscar encontrar esses indivíduos numa cooperação internacional efetiva, como já tem acontecido em outros casos, seja com a Bolívia ou com o Paraguai”, afirmou o delegado Cleo Mazzotti, titular da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado em Mato Grosso do Sul.
Ostentação – Além das prisões, na operação, as empresas Estacionamento Lusitano, Oficina Gran Prix e Mero Mecânica tiveram as atividades suspensas. De acordo com a PF (Polícia Federal), apesar de ostentar riqueza, os integrantes não tinham emprego ou atividade lícita que justificasse o padrão de vida. Uma das oficinas não apresentava atividade contínua ou funcionários regulares, auxiliando na confecção de esconderijos e compartimentos em veículos que transportariam as drogas.
A investigação aponta ainda que eram recrutados familiares e até um menor de idade no esquema. Resistente, a organização criminosa prosseguia com o tráfico mesmo após prisões e apreensões milionárias de carga de cocaína. Como numa empresa, as tarefas eram subdivididas, com recrutamento de membros e recursos para enviar novos carregamentos.
“Derrubamos duas cargas significativas de cocaína dessa organização criminosa e ainda assim ela se reformulou, conseguiu levantar recursos e fez mais uma remessa de drogas, mas conseguimos fazer a apreensão de mais 171 quilos de cocaína no dia 18 de maio na cidade de Três Lagoas. Outra vez ela se reformulou e conseguiu fazer uma remessa para São Paulo e, desta vez, não conseguimos interceptar, porém, acompanhamos o alvo e, quando ele estava voltando com o dinheiro, 25 mil dólares, para a região de fronteira, na cidade de Puerto Suárez, conseguimos detê-lo por evasão de divisas na forma tentada, porém sabemos que era dinheiro da associação criminosa voltada ao tráfico de drogas”, esclareceu o delegado.
Os alvos da operação tratavam desde as negociações com fornecedores bolivianos de cocaína, logística de pagamentos e internalização da droga no território brasileiro, até o armazenamento, ocultação em compartimentos de veículos e transporte, especialmente para São Paulo. O transporte era por vias vicinais.
Durante os seis meses de investigação, a PF apreendeu três cargas de cocaína, que totalizaram 354 quilos, R$ 921 mil em veículos e embarcações, além de 25 mil dólares e quatro armas – sendo dois revólveres calibre 38, uma arma com luneta e outra de pressão.
O nome bandeirante faz referência a um dos veículos utilitários usados pela organização criminosa para cruzar o Pantanal, na tentativa de driblar a fiscalização. Neste modelo de veículo estava a primeira carga apreendida.CGNEWS