Governo recorre ao Ministério da Saúde para transferir pacientes

Mato Grosso do Sul fez acordo com Rondônia e Espírito Santo para que doentes

Mato Grosso do Sul está em colapso em sua rede de saúde. 

Sem leitos para pacientes graves da Covid-19 e com pacientes de outras enfermidades usando o Ambu (ventilação manual), o Estado começou a enviar pacientes para outros entes da Federação e ontem pediu ajuda do Ministério da Saúde para fazer a remoção de pacientes que precisam ser transferidos.

O governo conseguiu 20 novas vagas em Rondônia e no Espírito Santo, 10 em cada um deles, em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes que precisam de tratamento contra o novo coronavírus. 

O secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, passou a tarde tentando apoio do Ministério da Saúde para fazer o transporte dessas pessoas.

Um paciente do município de Bonito foi o primeiro sul-mato-grossense transferido para outro estado. Ele foi encaminhado para Porto Velho (RO).  

O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), confirmou o colapso e disse que a parceria com Rondônia foi fechada na terça-feira, como forma de retribuir a ajuda que o Estado deu quando aquela unidade da Federação passou pela mesma situação.

“Temos um grande volume de pessoas circulando e um grande número de infectados, o sistema de saúde não aguenta e entra em colapso. Assim como mantemos Rondônia em um momento de dificuldade, ontem [terça-feira] o governador colocou à disposição leitos de UTI e vamos atender algumas pessoas em Rondônia ou outros estados”.

A reportagem do Correio do Estado entrou em contato com todos os hospitais de Campo Grande que têm leitos de UTI para pessoas com Covid-19. 

Dois não encaminharam resposta até o fechamento desta edição (Clínica Campo Grande e Proncor ), mas as outras seis unidades que enviaram um posicionamento informaram que não há mais leitos críticos na Capital.

No Hospital Adventista do Pênfigo, a lotação de leitos do Centro de Terapia Intensiva (CTI) Covid esta em 100%, com todos os 30 leitos disponíveis cheios. 

No Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, a diretora, Rosana Leite de Melo, afirmou que a unidade referência para o tratamento da Covid-19 está em colapso. 

“Estamos colapsados neste momento. A gente parte do princípio de que o colapso é quando nós temos pacientes que precisam ser intubados e estão em locais inadequados”, afirma.  

O hospital tinha até a manhã de ontem 134 pessoas intubadas, das quais nove estavam na área vermelha da unidade, aguardando uma vaga em UTI. 

Outro problema é que a rede de abastecimento de oxigênio do Regional permite no máximo 140 pessoas intubadas. 

A partir desse número, as pessoas que precisarem de oxigênio terão de receber o insumo de cilindros, colocados de forma improvisada nos corredores do hospital.

AMBU

Na Santa Casa, já não havia leitos clínicos para pacientes com Covid-19: são 42 pacientes internados, entre suspeitos e confirmados. 

A situação mais complicada está no pronto-socorro da unidade, onde duas pessoas estão recebendo ventilação manual, com o Ambu. 

Ao todo são 18 pacientes na área vermelha internados, mas a capacidade era de apenas seis. Dos internados, seis estão com ventilação mecânica.

“Na área verde outra situação insustentável, temos 60 pacientes no setor – sendo a capacidade máxima de sete leitos. Dos pacientes ali, 31 estão internados e aguardam leitos em enfermaria”, declarou o hospital em nota.

A Santa Casa informou ainda que tinha ontem 594 pacientes internados, sendo a ocupação de leitos de UTI geral de 100%. 

“De acordo com o Núcleo Interno de Regulação do hospital, tivemos um aumento de 15% da demanda nos últimos dias”.

PARTICULAR

O caos, porém, não está somente nos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS). Os hospitais particulares informaram estar sem leitos. 

No Hospital da Cassems, a reportagem apurou com beneficiários do plano que a espera no pronto-socorro da unidade para casos que não eram graves era de mais de duas horas e que os atendentes informavam que não era garantido o atendimento, já que havia uma demanda muito grande no hospital e até pacientes graves estavam sendo atendidos no local.

Em contato com o hospital, a assessoria confirmou a alta demanda e informou que a procura pelo atendimento por urgências respiratórias apresentou um aumento exponencial de 115% nas últimas semanas e que o hospital está com altas taxas de ocupação. 

A unidade não tem mais leitos de UTI para tratamento contra o coronavírus.

“Na unidade de emergência do pronto atendimento do Hospital Cassems CG estão internados seis pacientes suspeitos/confirmados com Covid-19 e que aguardam leitos em terapia intensiva ou semi-intensiva. Ressaltamos que na data de hoje [quarta-feira] houve uma alteração no fluxo de atendimento do hospital de campanha, que passou da estrutura localizada na frente da unidade para um local mais adequado, anexo ao pronto atendimento, o que pode justificar alguns atrasos nas consultas, no entanto, todos os pacientes estão sendo atendidos”, disse em nota.

Correio do Estado

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