Rodrigo Duterte, presidente filipino, pede que viciados matem traficantes.
Medida é aprovada pela população, mas é alvo de protestos da ONU.
Nas Filipinas, o presidente está incitando viciados a matar traficantes. A ONU protesta, mas pesquisas indicam grande apoio popular à guerra que já causou 2 mil mortes em dois meses.
As imagens distribuídas no fim de semana mostram um grupo de viciados em drogas nas Filipinas. Eles assistem a uma palestra do chefe de polícia e, se referindo a traficantes, ele afirma: “Vocês podem matá-los porque vocês são vítimas. Vão atrás deles, joguem gasolina nas casas, queimem tudo”.
A sua maior inspiração está em um cargo bem acima: o presidente das Filipinas Rodrigo Duterte. Empossado há dois meses, ele declarou uma guerra sem trégua e violenta ao tráfico de drogas.
O país vive uma explosão no consumo de metanfetaminas, chamadas de “shabu”, drogas químicas, desenvolvidas para serem mais potentes e criarem maior dependência. Com 71 anos, Duterte inflama as multidões com discursos recheados de palavrões.
Para os policiais, ele garante proteção no confronto com traficantes: “Se encontrarem resistência e suas vidas estiverem em risco, atirem. Atirem para matar”.
Na semana passada, no Congresso filipino, foi divulgado que quase 2 mil pessoas já foram mortas no combate ao tráfico. Segundo a polícia, por resistirem à prisão ou em guerras entre gangues rivais.
Nada disso deveria ser surpresa. Rodrigo Duterte foi eleito falando exatamente o que faria, e ele já era conhecido no país. Antes de ser presidente, ele já executava suas ideias em uma pequena cidade no interior das Filipinas.
Em Davao, por mais de 20 anos, foi prefeito da cidade. Pregava a perseguição dura a criminosos, sempre encontrando apoio entre os moradores. Uma mulher filipina diz:
“Se você não tem o que esconder, porque ficar assustado? Quem não fez nada de errado não precisa ter medo”.
Defensores dos direitos humanos condenam essas ações. A perseguição aos traficantes não é feita apenas pela polícia. Cresce o número de grupos de extermínio, que seriam contratados pela própria polícia.
O alto comissariado das Nações Unidas chama o que está ocorrendo nas Filipinas de “execuções extrajudiciais” e afirma que as declarações do presidente “incitam à violência e à matança, um crime pelas leis internacionais, uma licença para matar”.
Depois disso, Duterte ameaçou romper com a ONU. Com uma população jovem, em um país miserável, o presidente filipino vai deixando sua marca, conquista aplausos. E o risco de cometer injustiças, por enquanto, não assusta ninguém. G-1