Por: Agência Brasil
Seis meses depois da última avaliação, a agência de classificação de risco Fitch Ratings manteve hoje (10) a nota de crédito do Brasil em moeda estrangeira em BB, e sua perspectiva, negativa. O país permanece dois degraus abaixo do grau de investimento (garantia de que o país não corre risco de dar calote).
A perspectiva negativa significa que o país pode ter a nota rebaixada a qualquer momento antes da próxima reavaliação. De acordo com a Fitch, existem diversos fatores que justificam a preocupação com a situação fiscal do país. A agência citou a debilidade estrutural nas finanças públicas, o alto endividamento do governo, as fracas perspectivas de crescimento e os indicadores de governança mais fracos do que em países emergentes semelhantes.
A agência também acrescentou o risco de instabilidade política para a votação de reformas estruturais que, segundo ela, melhorariam as contas públicas, como as mudanças na Previdência Social. A Fitch, no entanto, informou que essas dificuldades são parcialmente compensadas pela diversidade econômica do Brasil e por instituições civis consolidadas.
A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida de confiança dos investidores internacionais na economia de determinado país. As notas servem como referência para os juros dos títulos públicos, que representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos investidores.
Em comunicado, a Fitch informou esperar crescimento de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) em 2017 e expansão média de 2,6% em 2018 e 2019. De acordo com a agência, a inflação baixa ajudou a recuperar o consumo, que também teve a ajuda da estabilização da taxa de desemprego e da reativação do crédito. Para os próximos anos, a Fitch também espera a recuperação do investimento.
Quanto à dívida pública bruta brasileira, a Fitch projeta que continuará crescendo, mesmo com a devolução, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dos recursos emprestados pelo Tesouro Nacional. Segundo a agência, a dívida pública deverá encerrar o ano em 76% do PIB e aumentar para 80% em 2018. A mediana (valor central em torno do qual um valor oscila) da dívica pública para os países de nota BB está em 45% do PIB.
Outras agências
Em maio, a Moody’s tinha posto a nota da dívida brasileira em observação, com a possibilidade de rebaixamento. Também em maio, outra agência de classificação de risco, a Standard & Poor’s, tinha reduzido, de estável para negativa, a perspectiva da dívida brasileira.
A última avaliação da Fitch também tinha sido em maio. Na ocasião, a agência manteve a nota do país com possibilidade de rebaixamento. As três principais agências de classificação de risco têm mantido o país dois degraus abaixo do grau de investimento.
Ministério da Fazenda
Após participar de almoço com empresários da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que está na capital gaúcha, classificou de normal a decisão da Fitch. Segundo Meirelles,, as agências de rating têm a função de ser conservadoras, e somente a aprovação da reforma da Previdência pode fazê-las mudar as previsões e basear-se em novos cenários.