As classes mais ricas, que têm despesas maiores com serviços, foram menos afetadas pela alta de preços nos últimos meses.
“A pandemia da Covid-19 tem influenciado a inflação e os preços relativos no Brasil desde março. Por um lado, distanciamento social, aumento do desemprego e retração da atividade deprimiram os preços de diversos serviços. Por outro, a depreciação cambial, os programas de transferência de renda e o aumento dos gastos com alimentação no domicílio pressionaram os preços dos alimentos”, destacou o BC, em um boxe sobre a inflação por faixa de renda familiar em 2020.
De acordo com a autoridade monetária, a inflação deste ano tem tido relação inversa com o nível de renda, afetando sobretudo as famílias que recebem de 1 a 3 salários mínimos por mês. Ainda assim, o BC destaca que a inflação para esse segmento da população ainda é baixa, de 2,29% no acumulado do ano.
“Adicionalmente, a análise evidencia inflação de alimentos mais elevada no Norte e no Nordeste, inclusive para a faixa de renda mais baixa, o que sugere algum efeito do auxílio emergencial a pessoas em situação de vulnerabilidade, mais significativo nessas regiões, sobre a demanda desses produtos”, completou documento.
Por outro lado, a inflação de serviços das classes mais ricas, sobretudo no Sul e Sudeste, tem sido menor devido ao maior peso de passagens aéreas, transportes por aplicativos e hospedagem no consumo dessas famílias. Como são segmentos ainda bastante afetados pelo distanciamento social, não têm tido aumentos nos preços praticados pelas empresas.
Para as famílias mais pobres, os itens que mais impactaram a inflação foram cereais, leguminosas e oleaginosas, leites e derivados e carnes. Já para as famílias mais ricas, a inflação ocorreu principalmente em automóvel novo, plano de saúde e alimentação fora do domicílio.