Grupo Abril decide pedir recuperação judicial
Medida prevista em lei serve para tentar reequilibrar as contas da empresa.
O Grupo Abril decidiu entrar com pedido de recuperação judicial nesta quarta-feira (15). A informação foi antecipada pelo colunista do jornal “O Globo”, Lauro Jardim, e publicada no site da revista “Exame”, publicação do próprio grupo.
O pedido é um mecanismo previsto em lei para tentar reequilibrar as contas da empresa.
Segundo a Abril, o pedido está sendo formalizado nesta quarta-feira pelo sistema eletrônico da Justiça. “Deve ser analisado por um juiz nas próximas semanas e, uma vez aprovado, o plano de recuperação judicial será apresentado num prazo de 60 dias aos credores da companhia”, diz a companhia.
Fechamento de títulos
Este mês, o Grupo Abril anunciou o encerramento de diversos títulos, como “parte de seu processo de reestruturação”. A Abril listou os títulos que permanecerão em circulação, entre eles Veja, Veja São Paulo, Exame, Quatro Rodas, Claudia, Saúde, Superinteressante, Viagem e Turismo.
A empresa não mencionou os títulos que seriam descontinuados, mas ficaram de fora da lista marcas como Mundo Estranho, Cosmopolitan e Elle.
Em nota, a Abril disse que a reformulação tem o “objetivo de garantir sua saúde operacional em um ambiente de profundas transformações tecnológicas”, em “circunstâncias impostas por uma economia e um mercado substancialmente menores do que os que trouxeram a Abril até aqui”.
Troca de comando
Em julho, o executivo Giancarlo Civita deixou a presidência do grupo. O posto passou a ser ocupado por Marcos Haaland, da consultoria Alvarez & Marsal. Outro membro da família, Victor Civita, deixou o posto de presidente do conselho editorial.
Giancarlo e Victor Civita permaneceram como membros permanentes do conselho editorial da Abril. A composição societária da empresa continua a mesma.
A Alvarez & Marsal é uma empresa com sede nos Estados Unidos, e que atua em outros 23 países.
Veja abaixo a íntegra do comunicado da Abril:
O Grupo Abril comunica que protocolou na data de hoje um pedido de recuperação judicial de suas empresas na vara de recuperação judicial e falências de São Paulo, conforme definido nos artigos 47 e 48 da Lei 11.101/2005. Esse pedido engloba todas as companhias operacionais do Grupo, incluindo a Abril Comunicações e as empresas de distribuição de publicações, agrupadas dentro da Dipar Participações, e de distribuição de encomendas Tex Courier. Esse movimento se deve à necessidade do grupo em buscar proteção judicial para a repactuação de seu passivo junto a bancos e fornecedores e, dessa forma, garantir sua continuidade operacional.
Nos últimos anos, o setor vem passando por uma profunda transformação tecnológica que afetou fortemente as empresas de mídia, no Brasil e no mundo, com impacto na circulação de revistas e na receita de publicidade. A Abril vem se ajustando a essa nova realidade através de redução de custos e despesas. Recentemente, promoveu uma ampla adequação de seu portfolio de produtos buscando um equilíbrio econômico-financeiro.
Porém, uma situação de instabilidade junto a seus credores e ações abruptas de restrição de seu capital de giro levaram o grupo a seguir pelo caminho da proteção judicial. A Abril reforça que continuará operando normalmente e fornecendo a seus leitores produtos de alta qualidade editorial, em compromisso com sua história na imprensa brasileira e em respeito aos seus públicos e parceiros.
Fonte: G 1