Ex-secretário tentou destruir provas de lavagem de dinheiro e propinas

MÁQUINAS DE LAMAEx-secretário tentou destruir provas
de lavagem de dinheiro e propinasEm gravação telefônica, André Cance pede para irmão ‘botar fogo nos negócios’ de Puccinelli.
Ex-secretário adjunto de Fazenda de Mato Grosso do Sul, André Cance, investigado na Operação Lama Asfáltica, tentou destruir provas dos crimes de lavagem de dinheiro e recebimento de propina, cometidos durante gestão do ex-governador André Puccinelli (PMDB).

Interceptações de ligação telefônica entre Cance e seu irmão, Mauro Ernesto Cance, ocorrida em 18 de dezembro de 2014, mostram o ex-secretário perguntando ao irmão: “Você botou fogo naqueles negócios que estavam aí do André Puccinelli?”, ao que irmão responde: “A maioria, quase tudo”.

Em seguida, Cance pede para que o irmão não se desfaça de uns livros vermelhos, que teriam recortes de jornal.

À Polícia Federal, Cance explicou que os objetos que teriam sido queimados eram documentos relacionados a projetos de lei de iniciativa de Puccinelli na época em que era deputado, além de recortes de jornais e livros encadernados referentes a atos como prefeito municipal, que teriam sido guardados por anos em galpão de propriedade de Mauro.

Ainda segundo ele, todos os materiais, inclusive os livros vermelhos citados, foram destruídos.

No entanto, no entendimento da Polícia Federal e Ministério Púbico Federal (MPF), diálogo interceptado indica movimentação no sentido de destruir provas de crimes praticados durante a gestão do ex-governador.

Investigações apontaram que crimes foram praticados através da produção de uma grande quantidade de documentos falsos, como contratos de locação e notas fiscais de prestação de serviços, visando acobertar transferências milionárias de propinas.

Crimes de ocultação teriam acontecido mesmo depois do fim do governo de André Puccinelli, quando Cance deixou o cargo de secretário-adjunto e continuou a ocultar e dissimular bens e utilizar laranjas.

As investigações apontaram ainda que Cance intermediava os pagamentos e negociações do ex-governador André Puccinelli (PMDB) com a Gráfica Alvorada e a JBS. Além disso, ele recebia pagamentos da Ice Cartões, empresa responsável por emitir documentos para o Detran.

Segundo o MPF, Cance ocupava posição de gerenciamento na organização criminosa e que esquema resultou em perda da arrecadação de centenas de milhões de reais para o Estado, através de concessão de benefícios fiscais mediante pagamento de propinas. o ex-secretário teve prisão preventiva decretada e mandado foi cumprido na quinta-feira.

LAMA ASFÁLTICA

Polícia Federal, Controladoria Geral da União e Receita Federal deflagraram, ontem (11), a quarta fase da Operação Lama Asfáltica – Máquinas de Lama.

Objetivo da ação policial era desarticular organização criminosa que desviou recursos públicos com direcionamento de licitações, superfaturamento de obras, aquisição falsas ou ilícita de produtos e corrupção de servidores. A estimativa é de que o prejuízo causado aos cofres públicos seja de aproximadamente R$ 150 milhões.

Esta nova fase da investigação resulta da análise dos materiais apreendidos em fases anteriores. De acordo com a polícia, são evidentes as provas de desvios e superfaturamentos em obras públicas, com o direcionamento de licitações e o uso de documentos falsos que justificavam a continuidade e o aditamento de contratos, com a conivência de servidores públicos.

EX-GOVERNADOR

Ontem, Puccinelli foi conduzido coercitivamente para a Superintendência da PF de Campo Grande, durante a 4ª fase da Operação Lama Asfáltica. Depois, seguindo determinação judicial, ele foi encaminhado para instalação de tornozeleira eletrônica.​

Ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, pode ter a prisão preventiva decretada se não pagar fiança de R$ 1 milhão, arbitrada pela Justiça Federal, no prazo de dois dias úteis, a contar de quinta-feira (11).

Advogado de Puccinelli, Renê Siufi, adiantou que ele não tem condições de arcar com o pagamento porque teve os bens bloqueados.

No ano passado, a Justiça Federal determinou o bloqueio no valor de até R$ 43 milhões do líder do PMDB no Estado. O bloqueio está ligado à investigação da Lama Asfáltica.CORREIO DO ESTADO