Etiqueta Financeira.
Patrimônio em desequilíbrio
Mauro Calil
Grande parte de meu sucesso como planejador financeiro especializado em investimentos se deve ao fato de eu atender a pessoas e famílias com muito dinheiro, gente que já possui uma inteligência financeira acima da média e, ainda assim, conseguir entregar, para esses clientes, uma rentabilidade superior à que estão acostumados. Daí o boca a boca é uma consequência.
Percebo que as pessoas endinheiradas têm algo em comum. Elas se especializaram em um caminho no qual se acostumaram a fazer dinheiro: empreendedorismo, carreira executiva, exaustivas especializações médicas ou odontológicas, por exemplo, etc. etc.
Esta concentração na forma pela qual fazem dinheiro é boa e recomendável. Ou seja, foco naquilo que você é bom. Mas nunca é aceitável ter o mesmo procedimento quando o assunto é investimento. Nas aplicações é muito importante diversificar. Do contrário, cedo ou tarde você terá um seu patrimônio em desequilíbrio e, pode colocar em risco tudo o que você construiu.
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Para ilustrar cito casos que atendi e acompanho há cerca de 12 meses. Em um deles, um jovem solteiro de 28 anos me apresentou um patrimônio de R$ 8 milhões. Uau !!! E você deve pensar : “nesta idade e com tanto dinheiro, está pronto para curtir a vida”. Nada disso! O fato é que o tal jovem tinha quase todo o patrimônio aplicado em imóveis e somente R$ 400 mil em investimentos financeiros. Além disso, ele é arrimo de família (pai, mãe, irmãos e agregados) com despesas mensais da ordem de R$ 18 mil. Com a crise, ele viu seus imóveis alugados sendo entregues pelos inquilinos. O resultado da vacância de muitos meses foi ver as dívidas crescerem e o risco de perder investimentos feitos em compras de mais imóveis ainda na planta.
Hoje, com quase 30 anos, já reequilibramos suas finanças mas ainda estamos no caminho para equilibrar melhor o seu patrimônio ao mesmo tempo em que ele cresce.
Outros dois casos estranhamente ambos possuem a mesma motivação: ir morar em um imóvel maior. Duas mulheres diferentes, que não se conheciam, marcaram uma consulta comigo pois gostariam de estabelecer um plano para sair o mais rápido possível do apartamento “pequeno” onde vivem. Coloquei a palavra pequeno entre aspas pois as dimensões de um lar sempre são relativas e pessoais.
Impressionantemente ambas efetuaram, poucos dias antes da consulta, uma compra imobiliária. Uma comprou um terreno e outra um imóvel na planta. Repare que a demanda inicial era sair do apartamento onde moravam o mais rápido possível. No entanto, com uma decisão impulsiva ambas retardaram – em muito – o seu sonho e, pior, desequilibraram seus patrimônios. A primeira imobilizou em um terreno 80% de suas economias e agora estamos trabalhando com o objetivo dela conseguir o necessário para construir um bom imóvel. A segunda se complicou ao colocar 100% de suas reservas na entrada de um imóvel que será entregue daqui a mais de dois anos. Na verdade o que ela comprou foi uma dívida imobiliária.
Em todos os três casos a falta de liquidez diminuiu rentabilidade dos investimentos, retardou sonhos e gerou preocupações desnecessárias.
Patrimônio em desequilíbrio tem muitas formas. Para todas, felizmente, existe uma solução.
Mauro Calil