Estudo encontra forte ligação entre o zika e a Guillain-Barré
Análise de número de casos confirmou relação entre doenças. Confirmação é de cientistas da Organização Pan-Americana de Saúde.
Uma comparação entre a incidência da síndrome de Guillain-Barré antes e depois da chegada do vírus da zika em sete países encontrou uma forte associação entre o vírus e a doença, disseram pesquisadores da Organização Pan-Americana de Saúde nesta quarta-feira (31).
O atual surto de zika foi primeiramente detectado no Brasil no ano passado e desde então se espalhou pelas Américas e pelo Caribe.
Os primeiros alarmes sobre a zika no Brasil, contudo, ocorreram meses antes de os casos de microcefalia aparecerem, quando adultos se recuperando da infecção do vírus pareceram sofrer de uma incidência da síndrome de Guillain-Barré maior do que a normal. A síndrome é uma desordem autoimune na qual o corpo ataca ele mesmo após uma infecção, ocorrendo tipicamente nos dias depois da doença.
Num relatório publicado como uma carta ao editor do periódico “New England Journal of Medicine”, Marcos Espinal, diretor da Organização Pan-Americana de Saúde, braço regional da Organização Mundial de Saúde (OMS), e colegas analisaram os índices de Guillain-Barré e zika no estado da Bahia, na Colômbia, República Dominicana, El Salvador, Honduras, Suriname e Venezuela.
Eles avaliaram um total de 164.237 casos confirmados e suspeitos de infecção do zika e 1.474 casos de Guillain-Barré que ocorreram entre 1° de abril de 2015 e 31 de março de 2016, usando dados coletados em relatórios oficiais dos países.
A análise encontrou uma associação próxima entre o aumento dos casos de zika e o dos de Guillain-Barré. À medida que as infecções do zika diminuíam num país, a incidência de Guillain-Barré caía também, segundo os pesquisadores.
Em comparação com índices pré-zika, a síndrome de Guillain-Barré aumentou 172 por cento na Bahia, bastante atingida pelo surto do vírus. Houve aumentos similares em outros países, com os casos de Guillain-Barré subindo 211 por cento na Colômbia, 150 por cento na República Dominicana, 100 por cento em El Salvador, 144 por cento em Honduras, 400 por cento no Suriname e 877 por cento na Venezuela.
Os pesquisadores não encontraram ligações entre a síndrome e a dengue, que era suspeita de contribuir com o aumento de casos.
Com base nas descobertas, os pesquisadores afirmaram que o zika e a Guillain-Barré “são fortemente associados”, mas, segundo eles, mais estudos são necessários para provar a relação de causa direta.
Fonte: G 1