Setor esperava superar 10 milhões de toneladas, mas falta de chuva deve provocar quebra em relação à safra passada
Mato Grosso do Sul esperava safra recorde de soja em 2019, superando pela primeira vez dez milhões de toneladas. Mas faltou chuva na região sudoeste, onde estão os municípios campeões de produção e, ao contrário da expectativa, a colheita deve ser menor que a anterior.
O prognóstico faz parte do quarto levantamento do acompanhamento da safra brasileira, divulgado nesta quinta-feira (10) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
De acordo com o órgão do Ministério da Agricultura, em Mato Grosso do Sul a área plantada atingiu 2,82 milhões de hectares, aumento aproximado de 5,4%, principalmente pela incorporação de áreas de cultivo de pastagens e propriedades antes destinadas à produção de cana-de-açúcar.
A dificuldade financeira enfrentada por algumas usinas levou ao arrendamento das áreas de cana aos sojicultores, segundo a Conab. Mas faltou chuva para traduzir em maior produção esse aumento de área plantada.
A produção estimada agora é de 9,01 milhões de toneladas, 6% menor que as 9,6 milhões de toneladas colhidas na safra anterior. Por causa da estiagem, a produtividade deve recuar 10%.
Conforme o levantamento, em algumas regiões choveu muito em novembro e também houve reflexo nas lavouras. Na região norte do estado, o acumulado de chuva ficou acima de 300 milímetros em novembro, dificultando até mesmo o manejo de aplicações de agroquímicos nas lavouras.
Faltou chuva – Entretanto, na região central, onde estão os principais municípios produtores, como Dourados, Sidrolândia, Maracaju e Ponta Porã, o acumulado ficou próximo da normal climatológica para novembro, em torno de 200 milímetros.
O maior problema climático ocorreu em dezembro, com veranico de aproximadamente 20 dias de duração, sem qualquer precipitação significativa até o último decêndio do mês.
Em dezembro houve precipitações na maioria das regiões produtoras, porém as chuvas foram irregulares, segundo a Conab. Lavouras ficaram mais de 25 dias sem chuva.
“Atrelada à falta de chuvas, no segundo decêndio de dezembro, as temperaturas máxima e mínima foram elevadas no estado, situando-se bem acima da normal climatológica do período”, avalia a companhia.
O clima seco aumentou a chamada evapotranspiração no período em que a maioria das lavouras de soja estava nas fases reprodutivas (floração e enchimento de grãos). Em todos os municípios de MS foram registradas temperaturas acima de 35°C em pelo menos um dia de dezembro.
Na região central e norte, onde ficam os municípios de Bandeirantes, Paraíso das Águas e Costa Rica, o acumulado foi de 45 milímetros nos primeiros 20 dias de dezembro, enquanto no município de Maracaju – maior produtor de soja do estado – foram apenas 20 milímetros no mesmo período.
Para a Conab, produtores que reduziram o aporte tecnológico devido à alta dos insumos, o agravo climático poderá trazer repercussões importantes nos níveis de produtividade.
Soja amarelada – A falta de chuva pode provocar quebra da produtividade, estimada em 3.200 kg por hectare ante aos 3.593 kg/ha da safra anterior. “Com o estresse hídrico e as temperaturas elevadas, muitas áreas se encontram com o amarelamento precoce das folhas e em ponto de murcha permanente”.
Segundo a companhia, houve antecipação da maturação das lavouras mais velhas, semeadas em setembro e início de outubro, prejudicando também a floração e enchimento de grãos das demais lavouras.
“A definição geral das perdas só será possível após a normalização do clima, pois está ocorrendo muita variabilidade, com regiões nos municípios que apresentam de 12 a 25 dias sem chuvas”, afirma o relatório.
Na última semana de dezembro, 20% das lavouras de soja encontravam-se na fase vegetativa, 35% em floração, 40% em enchimento de grãos e 5% em maturação. Sobre a qualidade das lavouras, a Conab afirma que 35% estão boas, 55% em situação regular e 10% ruins.
A notícia boa para os agricultores é que as pragas e doenças estão controladas. Ocorreram ataques do complexo de percevejos, “eficientemente controlados com uma média de três aplicações de inseticidas”.
Com a ocorrência do período de seca, não houve evolução de doenças. Alguns produtores suspenderam aplicações extras de fungicidas para reduzir os custos diante da adversidade climática.Fonte: Campo Grandenews