(*) Waldir Guerra
A incompetência é o pecado mais grave quando se trata de administrar uma coisa pública e sempre causa grandes prejuízos e muito maiores que a atualmente comentada corrupção. Essa afirmação não é a primeira vez que você lê aqui neste espaço onde escrevo – e certamente não sou o primeiro a dizer isso.
Foi a incompetência que levou a Seleção Brasileira de futebol a uma derrota contra o Chile por 2 a 0 na semana passada. Todos nós estávamos, e estamos, interessados em ver a Seleção Brasileira jogar bem – e ganhar o jogo, claro. Foi a falta de capacidade de Dunga, o dirigente da equipe, que não soube nem mesmo ver o mais óbvio dos erros: substituir ainda no primeiro tempo o jogador Oscar. Assim, fomos derrotados não pelo Chile, mas pela incompetência dele.
Dirigentes no futebol ou em cargos políticos aqui no Brasil são arcaicos e não se modernizaram; além disso ainda se corrompem. Mas a minha maior decepção ainda é com a incompetência para administrar.
Todo santo dia sou obrigado a assistir na TV, ou ler em jornal, a falta de recursos para obras, ou mesmo a falta de medicamentos nos hospitais públicos. Na verdade, não faltam recursos, falta é competência no administrador público.
O Rio Grande do Sul é hoje um Estado financeiramente quebrado. Nem consegue pagar em dia seus funcionários públicos e foi a incompetência dos seus últimos governadores que levou o Estado a falência. Algum deles propôs algo para corrigir o problema? Não, nem mesmo o atual – até aqui.
A presidente Dilma Rousseff em seu primeiro mandato em nenhum momento mostrou as qualidades de boa administradora, como havia prometido Lula, ao contrário, mostrou total incompetência, tanto na esfera política, como na econômica – ao ponto de seu guru, o economista Delfin Neto, taxá-la de “trapalhona”. Tudo porque neste seu segundo mandato está ainda pior.
O erro mais grave não está com a presidente, mas com os escalões abaixo dela que estão entregues a pessoas despreparadas, sem competência, sem capacidade para exercer os cargos públicos. O partido dela aparelhou não apenas órgãos públicos, mas empresas de economia mista. São dezenas de milhares de “boquinhas” usadas pelo partido – que agora não fecham porque a Lei não permite. A administração do governo federal está à deriva por conta disso.
Está faltando competência, inclusive, para tomar decisões e antecipar atitudes a fim de amenizar desastres.
O que faz o governo federal, ou os governos dos Estados do Sul do país, para amenizar o desastre já antecipadamente anunciado pelo excesso de chuvas que serão causadas pelo efeito EL NINO de agora até janeiro de 2016?
O fenômeno EL NINO acontece pela anomalia de temperatura da superfície do mar (TSP) no Pacífico Equatorial Central. As águas mais quentes nas costas do Peru e do Equador causam precipitações de chuvas intensas na Região Sul do Brasil, Norte da Argentina e Sul do Paraguai.
A Estação do MetSul em São Leopoldo, RGS, emitiu vários boletins onde reproduzem as informações da NASA e do NOAA (EUA); do JMA do Japão; do UKMO da Inglaterra, todos centros de serviços meteorológicos que mostram a previsão de ser o EL NINO de maior intensidade dos últimos 40 anos.
Quais as providências adotadas pelos poderes públicos para retirar ribeirinhos, para evitar perdas de pontes e estradas? Que medidas estão sendo tomadas para proteger a vida dos cidadãos nos estados do Sul do país? Está claro, então: no país está faltando responsabilidade (principalmente aos eleitores) e competência aos administradores públicos.
(*) Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário do Estado e deputado federal. ([email protected]). – Colaboraram: Állan e Matheus Guerra.