Dourados ainda sepulta os mortos direto na terra e o necrochorume contamina a água
Na cidade de Dourados os mortos ainda continuam sendo sepultados diretamente na terra sem nenhuma forma de proteção ao solo.
Diariamente são feitas covas rasas no Cemitério Municipal Santo Antonio de Pádua e isso é motivo de preocupação para o geógrafo Ataulfo Alves Stein Neto, ex-presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente.
Ataulfo afirmou que um dos maiores ambientais das cidades brasileiros é a poluição do solo e do lenço freático por causa do necrochorume produzido pelos cadáveres.
Segundo o ambientalista, cidade como Dourados que tem cemitérios criados há várias décadas quando ainda não existiam leis ambientais específicas para o setor o problema persiste.
O geólogo Michel Nottbeck Bechtejew que atua em Dourados na área de geologia, geotécnica e meio ambiente afirmou que é preocupante que ainda existam cemitérios foram das normais ambientais.
A resolução 335 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), segundo Michel disciplina a instalação de manutenção de cemitérios. Em tese, segundo ele, depois da edição da resolução em 2003, todos os cemitérios criados a partir desta estão cumprindo as normas.
Michel disse que faz o acompanhamento ambiental dos cemitérios particulares de Dourados que já cumprem a resolução. Os cemitérios modernos, conforme afirmou o geólogo devem construir seus túmulos um metro e meio acima do nível freático e as covas devem ser feitas com uma base de concreto para evitar a contaminação do solo com o necrochorume.
“É necessário que os cemitérios construam poços de monitoramente para levantar periodicamente a qualidade da água do subsolo”, afirmou Michel lembrando que nos cemitérios particulares este trabalho já é feito.
O geólogo relatou que antigamente os cemitérios eram implantados em áreas bem distantes dos núcleos urbanos. “As cidades cresceram e os cemitérios acabaram ficando perto das casas. A saída é parar de fazer sepultamentos nestes cemitérios antigos e implantar novos”, explicou Michel.
Em 2015 o então vereador Maurício Lemes Soares iniciou na Câmara Municipal discussão sobre os problemas ambientais e sanitários causados pelo necrochorume derivado da decomposição de cadáveres nos cemitérios de Dourados. O assunto acabou caindo no esquecimento.
Na época Mauricio Lemes chegou a afirmar que o necrochorume “poderia contaminar poços e rios e ainda causar doenças como febre tifoide, paratifoide e hepatite.
Ataulfo Alves Stein, por sua vez, afirma que é necessário reiniciar esta discussão, pois envolve a saúde e o bem estar da população. Já o geólogo Michel Nottbeck afirma que a melhor saída no futuro seria a instalação de crematórios.